segunda-feira, 4 de abril de 2011

Entrevista: Júlio de Freitas

abril 04, 2011 | por Cid Costa Neto

Natural de Nova Lima, o fotógrafo Júlio de Freitas abandonou o tradicionalismo da formação acadêmica para dedicar-se a paixão pela fotografia. Hoje é professor da Escola de Imagem em Belo Horizonte e um dos sócios da “Dois Cliques”, empresa de fotografia social, fundada em parceria com a namorada Maraíse Silva, com quem compartilha o gosto pela fotografia. 

Como foi o seu primeiro contato com a fotografia e quando/como foi a decisão de profissionalizar-se?

JF. Meu primeiro contato com um equipamento profissional foi com uma câmera que minha mãe comprou após fazer um curso de fotografia. A partir deste momento quis dominar a técnica.

Na época estava com 15 anos e tentei fazer o mesmo curso que a minha mãe, mas o fotógrafo não lecionava mais. Mudando de cidade para continuar meus estudos em uma escola melhor procurei um fotógrafo e perguntei se ele precisava de um assistente. Foi com a orientação do Fernando que dei meus primeiros passos na fotografia, ia para a escola pela manhã e para o estúdio à tarde.

Desde então estou envolvido com a fotografia. No princípio fazer um curso superior era prioridade e a fotografia seria um hobby. Depois de entrar na faculdade os estudos não engrenaram e eu sabia que aquela [Normalização e Qualidade Industrial] não era a minha carreira.

Junto com a Maraíse vocês criaram a Dois Cliques. Como surgiu essa parceria? Qual o foco de trabalho e a proposta da empresa?

JF. Nosso namoro veio antes da parceria. A Maraíse é formada em Relações Públicas e não demorou muito para tomar gosto pela fotografia. Eu fazia muitos trabalhos como freelancer e passei a incluir a Mara nesses trabalhos. O resultado foi muito bom e a sintonia fluiu. Alguns conhecidos começaram a contratar o nosso trabalho e também a nos indicar, assim decidimos atender melhor nossos clientes e abrir a Dois Cliques. A proposta do nosso trabalho é levar belas imagens às pessoas, que transmitam um sentimento bom e que também sirvam de registro de uma época da vida. Queremos que sempre que vejam as fotografias venha aquela saudade boa de um tempo que já se foi.

Como é a sintonia de trabalho entre vocês? Existem muitos conflitos entre duas mentes criativas? Como funciona essa relação de um casal em uma situação de negócios? 

JF. Conflitos existem sim, mas é muito positivo. Pensamos de forma bem diferente e nos completamos. Falando em fotografia, eu busco mais a estética, enquanto a Mara privilegia o momento. Na administração da empresa eu sou o financeiro e ela o marketing. Ela viaja nas idéias para um ensaio enquanto eu planejo. Procuramos sempre respeitar o espaço do outro, e as vezes é preciso abrir mão de algumas convicções e confiar. Separar o lado pessoal do profissional não é simples, mas quando falamos de empresa antes de tudo vem o compromisso com nosso cliente e a qualidade do trabalho.

Já houve algum acontecimento inusitado durante a cobertura de algum evento?

JF. Não em um específico. O que sempre acontece quando estamos fotografando um casamento e quando os noivos possuem uma grande sintonia um com o outro, nós dois ficamos emocionados, basta procurar o outro para dividir a emoção daquele momento.

Você também é professor e coordenador na Escola de Imagem. Como foi essa trajetória como educador na área da fotografia?

JF. Antes de trabalhar como professor, eu estava gerenciando um laboratório fotográfico profissional, o RGB Lab em Nova Lima. Foi uma excelente experiência, pois tínhamos como clientes os melhores fotógrafos de BH [Belo Horizonte]. Em busca de conhecimento técnico em gerenciamento de cores, conheci a Escola de Imagem. Depois de certo tempo saí do RGB Lab para dedicar mais tempo à minha carreira. Foi quando surgiu a oportunidade de dar aula, pois a Escola de Imagem estava ampliando o corpo docente. Sempre gostei muito de estudar, porém nunca havia lecionado. Foi na Escola de Imagem que fiz todo o treinamento para me tornar professor. A minha experiência profissional me permitiu lecionar desde o curso básico de fotografia, passando por flash dedicado chegando até o tratamento de imagem.

Quais fotógrafos cujo trabalho você admira e qual a relevância deles na sua produção?

JF. Marcia Charnizo, na poesia que consegue em suas imagens; Vinicius Matos pela criatividade e expressão que deu à fotografia de casamento; Fernando Trancoso pela luz impecável, Sebastião Salgado com seus retratos maravilhosos e profundos; Henry Yu é a expressão da simplicidade sofisticada; Miro, Márcio Rodrigues e Weber Pádua com a linguagem da moda e publicidade; Jomar Bragança reproduzindo espaço; Vik Munizque além da arte nos faz pensarnos limites da fotografia; Dave Hill e suas fusões surpreendentes. Deu pra ver que os mineiros estão em peso.

Como se mantêm atualizado e qual a importância disso na sua área?

JF. Eu leio muito sobre fotografia, e na Escola de Imagem o convívio com a arte e a troca de experiências entre os professores é muito intensa. Manter-se atualizado é primordial para qualquer profissional que deseja continuar no mercado, mas falando de fotografia só estudar não é suficiente, praticar, testar, experimentar e errar são verbos que fazem parte da evolução do fotógrafo.

Algum projeto futuro como fotógrafo?

JF. Pretendo ainda desenvolver um trabalho de cunho social e que não tenha o viés da denuncia, do sofrimento ou da pobreza. Gosto de transmitir sentimentos bons, passar alegria e felicidade. Seria uma realização conseguir desenvolver com esta linguagem um trabalho que de alguma forma beneficiasse diretamente um grande número pessoas.

Crédito: Dois Cliques Fotografia






















Para conhecer melhor o trabalho de Júlio de Freitas e da Dois Cliques Fotografia, visite o site: www.doiscliquesfotografia.com.br