quinta-feira, 8 de março de 2012

As mulheres por trás das câmeras

março 08, 2012 | por Cid Costa Neto

Margaret Bourke-White no topo do Edifício Chrysler, Nova York, 1931 / Foto: Oscar Graubner 
Talvez por se tratar de uma prática por vezes artística, o ingresso da mulher no mundo da fotografia tenha sido facilitado em meio a uma sociedade predominantemente machista, se comparado a outras práticas onde houve uma resistência ainda maior. No meio profissional, no entanto, as coisas eram diferentes. Muitas tiveram seus primeiros contatos realizando serviços de laboratório e acabamento e muito poucas chegaram a assumir de fato o papel de fotógrafas.

A esposa de Fox Talbot, Constance, ajudou-o a desenvolver papéis sensíveis a luz e também no desenvolvimento das imagens de seu marido. Em 1839, ela ajudou a descobrir como adicionar iodo ao processo de Talbot para aumentar a sensibilidade à luz do papel.

A primeira mulher no mundo a trabalhar profissionalmente com fotografia, foi a parisiense Antonieta DeCorrevont, que abriu um estúdio de retrato em Munique, em 1843. Segundo pesquisa feita pela galerista Laura Jones, existiam 1.750 estúdios de Daguerreotipia na Inglaterra entre os anos de 1841 e 1855. Dentre eles, apenas 22 foram operados por mulheres. Vale citar ainda que a primeira fotografia de paisagem, realizada com um Daguerreótipo, foi feita por uma mulher, Ann Cook.

Em 1929, Margaret Bourke-White tornou-se a primeira reporter fotográfica da revista Fortune e no ano seguinte, a primeira ocidental a fotografar em território soviético. Bourke-White foi também a primeira mulher a trabalhar em áreas de conflito militar, durante a Segunda Guerra Mundial. Dentre alguns de seus retratos, estão Joseph Stalin e Mahatma Gandhi.

Em 1951, existia na Grã-Bretanha, de acordo com o Censo, apenas uma mulher fotógrafa, Wigley Miss, que mantinha um estúdio em Londres. Durante os 10 anos que se seguiram, a fotografia começou a atrair um número crescente de praticantes do sexo feminino - o Censo de 1961 registrou 204 mulheres, o que representava cerca de 8 por cento de toda a profissão no país.

Eve Arnold
Em 1951 a fotógrafa americana Eve Arnold, tornou-se a primeira mulher a entrar para a cultuada Agência Magnum, fundada por Robert Capa. Entre 1947 e 1948, Eve foi aluna de Alexei Brodovitch na New School for Social Research em Nova York e desde então fez vários trabalhos pelo mundo. Registrou os treinadores de cavalos na Mongólia, trabalhadores de fábricas na China e haréns em Dubai, tornando-se membro definitivo da agência em 1957. Eve faleceu no início desse ano, aos 99 anos de idade.

No Brasil

Gioconda Rizzo (1914)
No Brasil, as esposas e filhas de fotógrafos, já realizavam serviços de laboratório, acabamento e fotopintura desde o início do século XX. Gioconda Rizzo foi a primeira mulher a ter a autoria de seus trabalhos reconhecida. Filha do fotógrafo italiano Michelle Rizzo, aos 17 anos montou seu estúdio próprio, o Photo Femina.

Embora as mulheres fossem inferiorizadas pelo Código Civil Brasileiro de 1916, outras mulheres também destacaram-se na fotografia brasileira e hoje em dia elas são presentes nos cursos de igual para com os homens ou até mesmo em maior número. As grandes fotógrafas que surgiram de lá pra cá não deixam dúvida de suas capacidades técnicas e criativas nessa área.