Em 5 de junho de 1989, após a morte do líder comunista Hu Yaobang, mais de 100 mil estudantes pacifistas saíram às ruas de Pequim para protestar a favor da liberdade e da democracia. O governo chinês respondeu com uma forte repressão, enviando o exército para coibir os manifestantes O resultado foi a morte de mais de 800 civis. Em meio ao conflito, um jovem solitário e desarmado, cuja identidade é desconhecida até hoje, posicionou-se diante de uma fileira de tanques de guerra na Praça da Paz Celestial.
Quatro fotógrafos conseguiram registrar o evento, mas foi a foto do norte-americano Jeff Widener, da agência Associated Press, a que ficou mais popular, estampando as primeiras páginas de jornais de todo o mundo, e recebendo posteriormente uma indicação para o prêmio Pulitzer.
"Todas apresentam um diferente estado de espírito. É realmente impressionante pensar em quantas formas diferentes um evento pode ser fotografado", disse o fotógrafo em entrevista à agência Lusa.
Widener estava machucado e gripado na ocasião e fez a foto da sacada do Beijing Hotel, a cerca de 800 metros da cena, com uma Nikon FE2. O jovem desconhecido colocou-se, por diversas vezes, à frente dos blindados que avançavam para a praça, mas Widener percebeu que a imagem estava muito longe e arriscou trocar a objetiva - um gesto que poderia ter colocado tudo a perder. Quando o fotógrafo voltou à varanda do hotel, o estudante fez uma última abordagem aos tanques.
"Eu tirei três fotografias e, de repente, vi a velocidade do obturador" e parecia "impossível ter uma imagem completamente nítida estando sem tripé, debruçado numa varanda e a tentar equilibrar-me".
Kirk Martsen, um estudante universitário norte-americano teve um papel fundamental na história. Foi ele quem levou os rolos com os registros - escondidos sob a roupa - até a embaixada dos Estados Unidos, passando por elementos da polícia secreta que estavam no hotel.
