quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Resumo: Paraty em Foco 2014

outubro 01, 2014 | por J.Goffredo

Na última semana aconteceu em Paraty mais uma edição do Paraty em Foco, um dos principais festivais de fotografia do país. O evento reuniu profissionais e entusiastas na cidade histórica para uma série de exposições, palestras, oficinas e outras atividades relacionadas.

Casa Paraty em Foco

Várias coisas já estão claras. O evento está mais compacto. A Nikon, a Epson e o estúdio de impressão do Clício Barroso, que antes ficavam mais espalhados pelo Centro Histórico, agora estão na Casa Paraty em Foco. Idem para as oficinas, que chegavam a ocorrer até fora do Centro Histórico, mas neste ano boa parte delas também estão na Casa Paraty em Foco.

Entrada da Casa Paraty em foco, antes de começar o evento.

No estúdio de impressão co Clício Barroso era possível fazer impressões de qualidade das fotos nos formatos A4 e A3.

Estúdio de impressão do Clício Barroso.
Um dos destaques foi a Nikon. Ela trouxe uma bancada do serviço de NPS (Nikon Professional Services) para fazer pequenas manutenções em câmeras e lentes, limitando a uma câmera e uma lente por pessoa. A fila foi grande, mas conseguiu atender muita gente com manutenções básicas. O mostruário da Nikon também melhorou. Desta vez trouxeram as câmeras top para as pessoas experimentarem, com lentes top. Estavam lá a D4s, a D810, a D610, a Df, a D7100, as DSLRs de entrada atuais, as compactas etc. Só faltou a recém lançada D750. Segundo eles não tiveram tempo de trazer, pois era recente demais. Neste ano também não teve nenhuma da série Nikon 1. Tinha uma variedade muito boa e muito grande de lentes, com muitas das lentes tops.

O mostruário da Nikon.

Da esquerda para a direita: D610 com um flash SB-700, A D4s e a D810 com um flash SB-910.

A bancada do NPS, da Nikon.

A Epson fez uma campanha interessante, montando uma exposição com as fotos das pessoas. As pessoas imprimiam uma foto no stande deles, mas não a recebiam na hora. A foto ia para um contêiner ao lado da Igreja da Matriz ficar em exposição. No domingo a pessoa poderia ir lá pegar a foto dela. Mas aí começaram os problemas. A Epson não controlou direito a retirada das fotos, e muitas foram furtadas. A recepcionista não conseguiu controlar sozinha o local, e passaram por cima dela. Muitas pessoas que imprimiram suas fotos ficaram sem suas impressões.

Stande da Epson na Casa Paraty em Foco.

Exposição no interior no contêiner.

O contêiner e a Igreja da Matriz.

A Livraria Madalena funcionou na Casa Paraty em Foco, tal como no ano anterior.

Livraria Madalena, em uma sala só para ela na Casa Paraty em Foco.

O escambo fotográfico também ocorreu na Casa Paraty em Foco.

Varal do Escambo Fotográfico.

Outro ponto legal foram as câmeras do Zaus Gomes. Ele fabrica câmeras em madeira, para Pin Hole, para lambe-lambe, câmeras de médio formato com fole, câmeras escuras etc. Talvez ele desse um artigo à parte.


Casa da Cultura de Paraty
Neste ano o auditório da Casa da Cultura de Paraty foi usado de forma diferente. Nos anos anteriores as entrevistas e palestras eram feitas nele, sendo transmitidas para o pátio da Casa da Cultura de Paraty e para a tenda montada na quadra do Centro Histórico. Neste ano as entrevistas e palestras foram feitas diretamente na tenda montada na quadra. O auditório foi usado para oficinas, para as Masterclasses.

Foram poucas exposições em lugares fechados, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, mas Casa da Cultura abrigou 3 exposições. A sobre o concurso Wiki Loves Earth, com uma grande quantidade de fotos expostas. Eram resultado de um concurso da Wikipedia para coletar fotos para seu acervo.

Exposição Wiki Loves Earth.

No segundo andar estava uma exposição sobre M.E.D.O., repressão política e ideológica, tortura, violência do estado, e fala muito da ditadura militar. Era algo meio pesado, assustador.

M.E.D.O. e as exibições de vídeos.

Uma parede de M.E.D.O.
E a terceira exposição era de Max Pinckers em uma viagem à Índia. Ele relata também problemas de casais de castas diferentes, e outras situações, que são proibidos de se casaram, mas com a ajuda da organização Comandos do Amor eles fogem para realizar o sonho de se casarem e terem uma vida juntos.

Exposição de Max Pinkers.
Galeria Zoom
A Galeria Zoom, do Giancarlo Mecarelli, o criador do Paraty em foco, estava com a exposição Retratos do Luiz Garrido.

Entrada da Galeria Zoom.

Interior da Galeria Zoom, com a exposição do Luiz Garrido.

Silo Cultural
O Silo Cultural estava com a exposição Eu Sou Caiçara com as fotos escolhidas por um concurso organizado pela Secretaria de Educação de Paraty com crianças de escolas do município. É um resgate à identidade dos habitantes locais, mostrando a sua importância cultural. Esta exposição abriu segunda-feira, dias 22, antes mesmo da abertura do evento. Foi um projeto de meses, que incluiu aulas de fotografia básica, enquadramento etc, aos alunos de quarto e quinto ano escolar, e eles fotografavam o dia a dia das suas comunidades.


Interior da exposição.

Exposições em locais abertos
Uma grande quantidade de exposições ocorreram em locais abertos, como mostrado abaixo.

Ao lado da Tenda Multimídia, montada na quadra do Centro Histórico. Ties and Tides, de David Alan Harvey.

Tenda multimídia montada na quadra do Centro Histórico. Natureza Morta com Martelo, de Sofia Borges.

Praça da Matriz. Illuminance, de Rinko Kawauchi.

Estacionamento do ITAE, no Centro Histórico. Convocatória, Diversos artistas.

Diante da Casa de Cultura.

Praça da Bandeira. Angola, de Edu Simões.

Largo de Santa Rita. Ninguém é de Ninguém de Rogério Reis.

Acontecimentos paralelos

Um dos meios de medir a penetração, a importância, o reconhecimento etc, de um evento é a quantidade de coisas que acontecem em paralelo, sem o controle do evento principal. E o evento deve, se for possível, acolher estas manifestações que acontecem em paralelo, podendo até se tornar oficiais do evento nos anos seguintes. Como sempre, aconteceram algumas coisas em paralelo.

Na noite de sexta houve um coquetel no atelier do Patrick Allien para demonstração do novo trabalho dele, em parte desenvolvido junto com a fotógrafa Bárbara Rossi. Impressão de fotos usando Goma arábica e pigmentos. Um reagente sensível à luz é misturado à goma arábica junto com pigmentos. Um papel de aquarela é impregnado por esta mistura, se tornando quase um "papel fotográfico". Então a imagem de um negativo é projetada no papel, que depois tem que ser lavado para que ocorra a fixação da imagem no papel. Claro que existem mais detalhes, mas isto daria um curso, e não parágrafo aqui.

Patrick Allien apresentando o seu trabalho com goma arábica.

Este trabalho se soma a muitos outros trabalhos do Patrick Allien, que incluem câmeras Pin Hole de filme 120 e grande formato, heliogravuras etc.

Câmeras Pin Hole de filme 120 do Patrick Allien.

Câmeras de grande formato Pin Hole.
Outro evento em paralelo foi uma exposição de foram alguns tapumes que se tornaram um painel de exposições. Nele foi colocada a exposição que poderia ser chamada de "Nobody is Innocent" (Ninguém é Inocente). Ela tinha algumas imagens meio chocantes, com armas, drogas, alusão a sexo, a prostituição etc.

Nobody is Innocent

Aconteceram mais coisas em paralelo, mas uma grande vale a pena ser mencionada o protesto.

Protesto

Houve o protesto contra a decisão judicial isentando o governo do Estado de São Paulo de pagar a indenização ao fotógrafo Alex Silveira, culpando o fotógrafo, a vítima.

Protesto contra a decisão da justiça que negou indenização ao fotógrafo Alex Silveira.

Protesto contra a decisão da justiça que negou indenização ao fotógrafo Alex Silveira.

Casamentos

O evento paralelo, sem nenhuma relação direta, que acontece de vez em quando durante um Paraty em Foco, aconteceu de novo. Casamento em alguma das igrejas do Centro Histórico durante o sábado. Desta vez foi na Igreja Matriz, no epicentro do evento.

Fotógrafos penetras no casamento.

Em paralelo tinha uma sessão de fotos pós-casamento acontecendo perto de outra igreja, em um local mais discreto do Centro Histórico, que também teve penetra.

Conclusões

Senti falta de algumas coisas, como o Paraty Invertida, que é uma oficina de Pin Hole, com um trailer que é uma câmera e um laboratório. Também não vi os fotógrafos presentes em suas exposições, como aconteceram em alguns anos. Podiam até estarem presentes, mas não vi. Não tiveram projeções noturnas neste ano. Mas o evento foi rico em coisas para se ver. Não foi possível acompanhar tudo. Vale a pena ir.