sexta-feira, 27 de novembro de 2015

10 dicas práticas para combater a Síndrome de Aquisição de Equipamento

novembro 27, 2015 | por Adriana Prado

O fotógrafo de rua Eric Kim sofre de Síndrome de Aquisição de Equipamento e escreveu um artigo dando algumas dicas sobre como combater esse problema.


Eu tenho G.A.S. (Gear Acquisition Syndrome) ou Síndrome de Aquisição de Equipamento. Sempre quero comprar coisas novas — o mais novo iPad (Epic), carros (Mustang), telefone (iPhone 6s ou Nexus 6P), roupas (jeans de $200+), cafeteiras ($500+) e inúmeros itens da minha lista de presentes da Amazon. A seguir você encontra algumas dicas práticas que me ajudaram (em parte) a combater a Síndrome de Aquisição de Equipamento.

#1. Deixe outra pessoa controlar seu cartão de crédito

Eu e minha companheira, Cindy, compartilhamos recentemente cartões de crédito e finanças. Agora ela fica atenta a todas as minhas compras. Por quê? Eu não confio em mim mesmo. Tive uma infância pobre e sou péssimo com dinheiro. Se deixar dinheiro comigo, vou sair e gastá-lo na mesma hora (ninguém me garante que amanhã terei o dinheiro ou não serei um sem-teto).

Na cultura vietnamita, são as mulheres que controlam o dinheiro e as finanças. Por quê? O estereótipo é que homens vietnamitas saem, jogam e tomam café, portanto as mulheres precisam garantir que as contas sejam pagas e que o dinheiro não seja desperdiçado. Se você for como eu (fanático por compras), pode ser uma boa ideia deixar outra pessoa controlar o dinheiro.

#2. Tenha uma regra para “comprar coisas novas”

Tenho um plano: quero que meus pertences caibam na minha mochila (ThinkTank Perception 15), que é bem pequena. Acho que só cabem um laptop, smartphone, carregadores, câmera, algumas roupas e alguns livros. Só isso. Não há melhor maneira de me forçar a me conter. Além disso, Cindy propôs recentemente uma nova regra: “Não comprar nada novo até irmos para o Vietnã.”

Talvez você possa instituir essa regra de “não comprar coisas novas” por um dia, uma semana, um mês, 3 meses, 6 meses ou até mesmo por um ano. Não é preciso seguir essa regra pelo resto da vida. Pessoalmente, acho que esse exercício me ensinou a diferença entre o que eu acho que “preciso” (versus meus “desejos” artificiais).

#3. Releia antigos reviews do equipamento que você já possui

Lembra-se de como você ficou empolgado quando comprou sua câmera digital (atual)? Reviva essa experiência relendo os reviews da câmera que você já tem. Além disso, você pode imaginar a dor que sentiria se alguém roubasse sua câmera, ou se a perdesse. Então, constate que ainda tem sua câmera e você irá apreciá-la mais ainda.

Você nunca sabe o quanto gosta de algo até perdê-lo (coisas materiais, sua capacidade física, ou até mesmo a vida de um ente querido). Então, pratique constantemente este pensamento: “Como me sentiria se perdesse ‘x’?”

#4. Quanto mais coisas, mais problemas

Tento me lembrar constantemente: quanto mais coisas eu tiver, mais complicada fica a minha vida. Se eu comprar mais roupas, preciso de mais espaço no armário. Se comprar uma nova câmera, preciso comprar mais discos rígidos (e, provavelmente, atualizar meu computador, pois ‘mais megapixels, mais problemas.’)

O engraçado é que o mesmo acontece com o dinheiro. Quanto mais dinheiro você tem, mais estresse e problemas em potencial. Não me interprete mal — é importante ter bens materiais. Mas lembre-se disso antes de comprar algo: também surgirão novas dores de cabeça.

#5. Espere “acostumar-se com a nova aquisição”

Se ganharmos na loteria, ficaremos empolgados por uma semana; então, perceberemos o estresse de ganhar na loteria (familiares que vêm do interior julgando ter ‘direito’ àquele dinheiro, pessoas tentando fazer planos para o seu dinheiro e ser constantemente importunado por instituições de caridade). Não é só isso, mas você vai se adaptar e “se acostumar” com o novo padrão de riqueza em sua vida.

Da mesma maneira, se comprar uma nova câmera, não importa o quão cara ela é, você se acostumará com ela (seja uma nova câmera compacta, micro quatro terços, DSLR, telêmetro, etc).

Então, o segredo é nunca comprar uma nova câmera (recomendo atualizar uma câmera digital com a mesma frequência de atualização do seu smartphone ou laptop). O segredo é subestimar a felicidade que uma nova aquisição trará para a sua vida.

#6. Alugue ou pegue equipamento emprestado

Curiosamente, uma das melhores maneiras de desistir de um equipamento é experimentá-lo… e perceber que ele não é tão incrível quanto você esperava.

Antes de sair e comprar uma nova câmera (da qual você provavelmente não precisa), peça o equipamento emprestado a um amigo ou alugue-o em uma loja de câmera local ou online. Entretanto, preste atenção: às vezes a ignorância é uma bênção.

#7. Lembre-se de que câmeras têm mais semelhanças que diferenças

Certamente algumas câmeras são mais adequadas ao seu estilo do que outras, mas, sempre que tiver vontade de comprar uma nova câmera, pergunte a si mesmo, “Quais são as semelhanças entre essa câmera e minha câmera atual?” Se descobrir que há mais semelhanças que diferenças, perceberá que não precisa de uma nova câmera ou equipamento.

#8. “Necessidade” x “vontade”

Acho que, quando se trata de equipamento, essa é a questão mais difícil: saber se eu “preciso” de uma determinada câmera ou lente, ou se apenas “quero” tê-la.

Honestamente, ninguém “precisa” realmente de uma câmera no fim do dia se não ganha a vida com ela. Simplesmente “queremos” a câmera, pois ela nos traz felicidade, prazer e ajuda a sermos criativos.

#9. Compare seus gastos com experiências

Dinheiro gasto com experiências é sempre o melhor investimento porque você não pode “perder” uma experiência (ela estará sempre viva em sua memória). Uma câmera, no entanto, pode ser roubada, ficar obsoleta ou ficar empoeirada em uma estante. Tendemos a uma “adaptação” menor a novas experiências (viagens) em comparação com a “adaptação” a bens materiais.

#10. Basta sair e fotografar

Curiosamente, sempre que saio para fotografar (com a câmera que já tenho), não desejo mais outra câmera. Eu só quero novas câmeras quando estou sentado em casa, com meu smartphone, lendo sites de review de equipamentos sobre a mais nova câmera digital. Quando estou na rua, a câmera torna-se invisível para mim. Eu só reajo ao que vejo e fotografo sem pensar.

Se você está lendo esse artigo, você tem sorte. Você tem acesso a uma conexão de internet, provavelmente tem um smartphone (smartphones modernos podem tirar fotos bem melhores que câmeras digitais compactas antigas) e a possibilidade de compartilhar suas fotos com qualquer pessoa no mundo (mídias sociais). Não há obstáculos, pois você só depende da sua imaginação, empenho, determinação e curiosidade.

Fonte: Eric Kim Blog (via PetaPixel)