quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Fotógrafo francês registra os boxeadores amadores de Cuba

janeiro 13, 2016 | por Adriana Prado


Ser boxeador amador em Cuba é motivo de orgulho – nem tanto pela recompensa financeira, já que nenhum dos atletas conseguiu riqueza com a fama, mas pelo grande reconhecimento, visto que o país inteiro festeja os feitos de seus competidores. Como disse Alberto Puig de la Barca, presidente da Federação de Boxe de Cuba, à CNN: “Nossos boxeadores podem não ter milhões de dólares, mas têm o apoio de 11 milhões de cubanos.

Com o maior número de medalhas de ouro do mundo, (superando os EUA), o boxe amador continua a prosperar em Cuba. Mas, apesar da fascinante aura da disputa, não é fácil percorrer o complexo sistema de ringues, jogadores, treinadores e apostadores. É preciso familiaridade com redes secretas e suas principais figuras, uma habilidade que o fotógrafo francês de grande destaque Thierry Le Goues aperfeiçoou nos últimos 10 anos.

Aclamado por suas fotos de moda – seu último trabalho foi uma campanha publicitária para a marca francesa de roupas Yves Saint Laurent –, Le Goues já publicou um livro de fotos sobre Cuba, "Popular" (PowerHouse Books, 2000), tomando emprestado o título de uma popular marca de cigarros.

Em divergência com seu último projeto, cores saturadas estão ausentes do "Havana Boxing Club"(a capa é a única exceção); entretanto, permanece o fascínio de Le Goues pela sensualidade do corpo humano. Antes eram as curvas generosas do corpo feminino que dominavam a cena. Agora são as curvas sinuosas dos músculos e a evidente sensualidade dos boxeadores.

Um fotógrafo de moda experiente cuja carreira estende-se por mais de 25 anos e cujo trabalho aparece extensivamente em revistas internacionais, Le Goues admite que a fotografia de moda pode ter tido influência na maneira como ele tratou o assunto em Cuba. “Depois de fotografar moda, eu queria fazer algo relacionado aos esportes e, basicamente, quando fotografei [os boxeadores,] pode ser que minha experiência com moda tenha influenciado pela minha maneira de enquadrar, de fotografar pessoas, [pela maneira como eu] capturo a iluminação.”

Ele visitou Cuba cerca de 15 vezes no total, o que lhe permitiu estabelecer uma rede forte, crucial para o sucesso do seu projeto. Depois de conhecer os atletas e treinadores, ele teve acesso às instalações, geralmente negado aos turistas, e fez até mesmo amizades duradouras com alguns boxeadores. Ele contornou com êxito as complicadas normas do governo, que certamente teriam limitado seu sucesso.

Le Goues usou filme a maior parte das vezes, “vivendo o momento,” diz ele, em vez de ficar checando o monitor obsessivamente. “Isso também foi empolgante,” diz ele, “pois eu não podia ver na tela o que estava fazendo, tudo era como a velha maneira de lutar boxe, como minhas fotos,” prossegue. Por fim, o que Le Goues tinha a intenção de capturar em suas fotos era simplesmente a firmeza desses atletas em busca de seus objetivos. “Eles lutam pela verdadeira alegria do esporte, já que não há dinheiro envolvido,” diz ele.




 



 



Fonte: Time