quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Fotógrafos iraquianos documentam a destruição perpetrada pelo Estado Islâmico

fevereiro 15, 2017 | por Adriana Prado


A convocação foi feita em uma missa de domingo em outubro do ano passado. Abuna Georges, ou Padre Georges, dirigia-se a iraquianos cristãos refugiados em um acampamento em Erbil, e pediu a todos os fotógrafos da cidade de Qaraqosh que se unissem.

O objetivo? Documentar a devastação sofrida por sua cidade, localizada a apenas 20 milhas ao sul de Mosul, há dois anos sob o domínio do ISIS.

Dez pessoas se ofereceram. Durante 12 dias, em novembro passado, eles percorreram as ruas de Qaraqosh, fotografando cada casa, loja, escola e igreja atingida ou destruída no conflito. "A ideia era documentar por meio de fotos todas as casas da cidade", diz Alessio Mamo, um fotógrafo italiano que conheceu o Padre Georges durante a cobertura das minorias refugiadas no Iraque. Então, quando o grupo de fotógrafos do Padre Georges saiu às ruas de Qaraqosh, Mamo e a jornalista freelancer Marta Bellingreri os acompanhou. "Percebemos que se tratava de um ponto de vista interessante sobre as consequências da luta contra o ISIS", Mamo conta à revista Time.

Usando imagens de satélite – todos os mapas oficiais haviam sido roubados da prefeitura – o Padre Georges trabalhou com arquitetos para inventariar os 6.000 prédios da cidade. Uma vez que lhes foi confiada tal missão, os fotógrafos capturaram milhares de imagens, documentando não só os danos às fachadas, mas também a cada cômodo.

"Queremos mostrar o que sobrou, mas também buscamos a precisão", disse o Padre Georges a Bellingreri, que traduziu sua declaração para a TIME. "No futuro, vamos construí-los novamente, então queremos deixar essas imagens para a posteridade para não esquecermos o que aconteceu."

As fotos também serão usadas para pedir indenização ao governo iraquiano, que, segundo o Padre Georges, não tentou protegê-los dos militantes do ISIS que avançavam.

"Este trabalho é muito importante para as futuras gerações", diz Mamo. "Eles saberão que seus pais e avós tentaram denunciar o que aconteceu naquele lugar."
















Fonte: Time