quinta-feira, 20 de abril de 2017

Como o Reggaeton desafia as restrições da internet em Cuba

abril 20, 2017 | por Ligia



A linguagem pode ser explícita, as letras foram consideradas imorais e o gênero já foi completamente banido pelo governo de Raul Castro. Então, como os artistas da onipresente cena do Reggaeton cubano descobrem celebridades e ainda espalham sua música em um país onde a conectividade da internet depende de pontos de wifi caríssimos e regulados pelo governo que estão com frequência instáveis e sobrecarregados?

O “El Paquete” (O Pacote), um disco rígido que é entregue semanalmente por um valor fixo é um protagonista importante na disseminação de mídias não acessíveis a legiões de cubanos ávidos por informação. Este é o artifício semi-clandestino pelo qual os líderes do fenômeno que infiltrou as ondas das rádios cubanas espalharam a música que todos, desde crianças, adolescentes até avós estão dançando.

A fotógrafa Lisette Poole vivia em Cuba há cerca de um ano quando percebeu o Reggeaton permeando a cultura cubana. Ela acumulou faixas dos discos rígidos e abordou artistas, uma vez em um aeroporto, que apesar de seu status de estrela são muito mais acessíveis que seus similares culturais americanos. “De maneira geral, acho que em Cuba as pessoas são bastante acessíveis, mesmo quando são muito famosas, “conta Poole à Time. “Aonde quer que eles estejam, são normalmente abordados por crianças que querem seus autógrafos e tirar fotos com eles.”

Apesar das limitações na conectividade, os artistas podem criar músicas e vídeos que estarão circulando “por toda Cuba em alguns dias,” conta Poole. Ela afirma ainda que a criação e distribuição do conteúdo Reggaeton é um “fluxo constante”, onde os artistas mantém a busca por músicas novas.

O Reggaeton incorpora elementos do hip-hop, música eletrônica e rap com influências do dancehall jamaicano e em sua base está a dance music. “Os cubanos realmente amam dançar”, diz Poole, que é americana filha de mãe cubana. “Por isso para eles é preferível ouvir um ritmo que eles possam dançar”.

A fotógrafa começou a visitar o país na adolescência e mudou-se definitivamente no final de 2014. Ela diz que está motivada a olhar o país de forma objetiva para “mostrar Cuba como é realmente, como observo o país morando nele. Sinto que mostrar o Reggaeton é apenas uma parte disso.”












Para conhecer mais sobre o trabalho de Lisette Poole, aceese: www.lisettepoole.com.

Fonte: Time | LightBox