sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O indivíduo e a sociedade pelas lentes de Roberto Falck

janeiro 12, 2018 | por Gabriela Brina


O projeto "Clay and Ash" veio como resultado de anos de viagem e contatos com culturas tribais e indígenas ao redor do globo pelo fotógrafo Roberto Falck. Ao longo dos últimos 10 anos, ele viajou para vários lugares, alguns mais remotos do que outros, principalmente para testemunhar a vida de culturas que ainda conservam elementos de seus antepassados. Seu foco principal foi o retrato e a sua intenção foi encontrar a beleza e se aproximar o máximo possível dos assuntos fotografados.

Existem centenas, senão milhares, de culturas diferentes ao redor do planeta. Falck está fascinado com a singularidade de cada uma dela e ao mesmo tempo impressionado com os tópicos comuns que nos unem. De uma forma ou de outra estamos todos conectados. Todos querem viver bem, serem amados, reproduzir e continuar o ciclo. O que mais fascina o fotógrafo é a diversidade de culturas e a capacidade de se adaptar a ambientes únicos. Isso é manifestado pelas habitações em que vivem, os alimentos que comem, a roupa e os acessórios decorativos que utilizam.
"Eu quero, de maneira pictórica e edificante, preservar por um momento essas pessoas e os elementos particulares da vida tradicional que as tornam quem são. Quero dar-lhes um lugar em nossas memórias onde eles podem se sentir orgulhosos de quem são. Faço isso com a ajuda de várias técnicas fotográficas e de iluminação. Por vivermos em um mundo onde glorificamos celebridades usando essas técnicas, me perguntei: por que não fazer o mesmo com os cidadãos normais do mundo?"
Em "Clay and Ash", Roberto Falck incorporou três elementos que considera essenciais: um interesse pelas culturas indígenas, a beleza da simetria e da geometria presente na natureza, e a necessidade de criar uma fotografia única.

Materiais da terra e vida humana se reúnem nesta série de retratos de homens cobertos de argila e cinzas. Seguindo as formas que encontramos na natureza, a série traz o ser humano e a terra juntos. Usando materiais terrosos para cobrir seus corpos, tiramos a identidade do indivíduo para focar no espírito interior e as relações entre cada um deles de forma gráfica, uma forma de síntese de como os seres humanos interagem com seus iguais. Inspirado por elementos tradicionais de várias tribos em Papua Nova Guiné, Falck deseja criar uma narrativa que mostre a dicotomia entre o caráter individual e a necessidade de comunidade, de ser uma pequena parte de um todo maior.