segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Uma mãe, seu filho e sua ex-mulher em um retrato da quarentena cheio de humor, amor e empatia

setembro 28, 2020 | por Camila Camargo

7 de Abril, quarentena no Queens, 26º dia (Neil Kramer/Instagram)

Neil Kramer é escritor e fotógrafo do bairro do Queens, em Nova York. Como muitas pessoas ao redor do mundo, ele se encontrou num belo dia trancado dentro de um apartamento de dois quartos e um banheiro. Mas não sozinho! Com sua mãe e sua ex-mulher. Nova York foi epicentro da pandemia há pouco tempo, o que realmente levou muitas pessoas para essa situação dentro de suas casas, como maneira de evitar a infecção. A quarentena durou meses. E Kramer, junto com suas companheiras fizeram parte do grupo de pessoas que respeitaram as orientações e tomaram as precauções. Colocar-se em quarentena e se manter isolado foi e ainda é um desafio muito difícil para todo mundo. A gente precisou mudar drasticamente a nossa rotina e nosso estilo de vida. Cinema? Nem pensar. Sair para comer, também não. As compras do supermercado, chegam em casa. Tudo para evitar contatos desnecessários com outros seres humanos. E claro, essas mudanças nos afetam mentalmente, fisicamente e espiritualmente. As imagens de Kramer conseguem nos fazer vislumbrar essas características de um novo estilo de vida que adotamos, sem perder a humanidade, o humor e a ternura.

A seguir, veja um pouco desse trabalho, com as legendas que o próprio Kramer colocou em seus posts do Instagram.

24 de Março, quarentena no Queens, 12º dia (Neil Kramer/Instagram)

 "As tensões já estão aumentando"

3 de Abril, quarentena no Queens, 22º dia (Neil Kramer/Instagram)

 "Uma família que se automedica junto, permanece unida"


5 de Maio, quarentena no Queens, 55º dia (Neil Kramer/Instagram)

 "Precisa de um corte? O salão da quarentena agora está aberto. Apenas com agendamento. "

11 de Maio, quarentena no Queens, 61º dia (Neil Kramer/Instagram)

"Nós passamos da marca de dois meses. A gente tem dormido muito, mesmo a tarde. Você não precisa ser o Freud para saber o que é depressão. Existe um limite de quanto tempo alguém pode ficar em quarentena com as mesmas pessoas por todo o tempo sem que isso afete a sua saúde mental. Nós precisamos nos exercitar, eu disse. A gente precisa dançar, pela nossa saúde mental."

20 de Maio, quarentena no Queens, 70º dia (Neil Kramer/Instagram)

"Um dos argumentos para não usar máscara do lado de fora, é que somos um país livre. Para muitos, pedir a alguém que faça algo que lhe incomoda, é uma violação da liberdade individual. Se alguém sofre riscos com o vírus, como as pessoas idosas, elas é que devem ficar em casa. Isso é algo mais fácil de se dizer do que fazer. Depois de meses, ficar em casa também se torna uma violação da liberdade pessoal para os mais velhos e para as pessoas com problemas de saúde."

25 de Julho, quarentena no Queens, 133º dia (Neil Kramer/Instagram)

"Todo mundo está perdendo a esperança. Você pensou que a gente estava, também. Mas não, não a gente. Nós somos o melhor exemplo do otimismo. Quando nós vimos um cinema aqui perto de casa com o aviso de 'vamos abrir em breve' já nos organizamos para sermos os primeiros da fila. E então estamos esperando."

16 de Agosto, quarentena no Queens, 151º dia (Neil Kramer/Instagram)

"Sophia me mostrou um artigo publicado no The Wall Street Journal sobre a importância do abraço, e comentou que nunca vê eu e minha mãe nos abraçarmos. Eu disse que os Kramer's nunca foram uma família de muitos abraços. Sophia disse que para sobreviver a essa pandemia, nós devemos nos abraçar todo dia. Eu e minha mãe protestamos. 'Mas a gente pode ser como naquele programa de TV seu favorito', Sophia disse a minha mãe. E assim, na nossa primeira encenação de 'As super gatas', Sophia faz a Blanche, eu sou a Rose, e minha mãe é definitivamente a Dorothy. Obrigado por ser minha amiga.