domingo, 10 de janeiro de 2021

Paixão amorosa é tema de curso gratuito

janeiro 10, 2021 | por Resumo Fotográfico

Em “O tempo da delicadeza: o Amor na Filosofia, no Cinema e na Literatura”, que acontece em formato online na Oficina Cultural Oswald de Andrade, Brunno Almeida Maia, pesquisador em filosofia pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), analisa o conceito de paixão-amorosa na tradição filosófica e literária, num diálogo com filmes de cineastas como Claude Chabrol, Pier Paolo Pasolini, Gabriel Axel, VolkerSchlöndorff, François Truffaut, Éric Rohmer, Spike Jonze e Krzysztof Kieslowski.

Cena do filme documentário Talvez Num Tempo da Delicadeza II

No ano de 1927, no LE SOIR de Paris, o poeta surrealista Robert Desnos – o “Sonhador Acordado” – assim escrevia sobre a relação entre o cinema e o amor: “(...) pois se o amor é sempre livre, nem por isso o desejo se torna menos dramático. É no cinema que o desejo amoroso está mais impregnado do patético e da poesia. (...) Sob vossa égide, graças às trevas, mãos estreitam-se e bocas se unem e isso é perfeitamente moral. Esse amores da sombra fazem honra ao século”.

Assim, desde as origens da filosofia grega, da literatura trovadoresca ou do romantismo do século XIX, até “as belas que choram” do cinema de 1920, e as divas do pós-guerra, a paixão-amorosa ocupa a constituição do imaginário coletivo ocidental. Para analisar essas relações, diálogos e tensões, Brunno Almeida Maia, pesquisador em filosofia pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), ministra, entre os dias 19 de janeiro a 18 de fevereiro de 2021 o curso gratuito “O tempo da delicadeza: o Amor na Filosofia, no Cinema e na Literatura”, que tem as inscrições abertas até 15 de janeiro de 2021.

O curso tem como objetivo pesquisar, expor e discutir os conceitos de paixão e amor, partindo da nossa realidade presente no contexto do capitalismo neoliberal, num diálogo com autores da tradição filosófica, literária, sociológica e histórica, como Marcel Proust, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Max Horkheimer, Michel Foucault, Gilles Deleuze, Nicolas Grimaldi, Erich Fromm, Simon May, Estela Ocampo, Byung-ChulHan, Platão, Aristóteles, Michel de Montaigne, Freud, Georges Bataille, mas, também, com as diversas concepções na filosofia judaica, cristã, nos escritos dos trovadores da Idade Média e no Renascimento.

Num segundo momento, a reflexão teórica se alarga pelos comentários do cinema clássico e contemporâneo sobre o tema, a partir de filmografia composta por cineastas como Claude Chabrol, Pier Paolo Pasolini, Gabriel Axel, Volker Schlöndorff, François Truffaut, Éric Rohmer, Spike Jonze, John Cameron Mitchell e Krzysztof Kieslowski.

“No passado, e até os autores românticos do século XIX, a arte de filosofar era inseparável da meditação sobre o Amor: pensemos na dialética ascendente platônica, o amor como amizade (philia) em Aristóteles, o amor como desejo sexual em Lucrécio e Ovídio, o amour de soi de Rousseau, o amor contra a servidão voluntária em Montaigne, o amor fati em Nietzsche, o amor nos tempos do capitalismo moderno em Walter Benjamin, o amor como contaminador do espaço público em Hannah Arendt, a possibilidade de plenitude no amor na velhice em Erich Fromm, e o amor após Auschwitz em Adorno, tecem toda uma tradição sobre as diversas potências do amor na vida do espírito. Entrava-se na filosofia por Eros, pela corporeidade, pelas paixões e vícios, mas nelas não se permaneciam. No contemporâneo, no atual estágio do capitalismo moderno, de ordem neoliberal, falar sobre o Amor tornou-se privilégio para especialistas comportamentais, passando pelas áreas da medicina, aos psicólogos, psicanalistas, autores de best-sellers de auto-ajuda, videntes e astrólogos. No lugar de uma Ars Erotica do passado, temos uma pedagogia sexual, aquilo que Foucault chamou sabiamente de uma Scientia Sexualis. Teria o Amor, em nossas sociedades, se tornado um tabu? Se a tradição filosófica se iniciou com o tema, e ela é inseparável da reflexão sobre o sentido da cultura, e se hoje ele, o tema do Amor, está em vias de desaparecimento, assistimos um próprio declínio da vida do espírito, de certa cultura e um modo de filosofar?”, reflete o pesquisador em filosofia pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e ministrante do curso, Brunno Almeida Maia; no ano de 2018, Almeida Maia foi um dos pesquisadores residentes do NECMIS – Núcleo de Estudos Contemporâneos do Museu da Imagem e do Som, em SP, no qual realizou um filme-documentário intitulado “Talvez num tempo da delicadeza: o Amor no contemporâneo”, com a participação de nomes como Luiz Felipe Pondé, Amara Moira, Christian Dunker, Eduino Orione, Luciana Chaui-Berlinck, o Rabino Michel Schlesinger e a filósofa Olgária Matos.

SERVIÇO:

Curso “O tempo da delicadeza: o Amor na Filosofia, no Cinema e na Literatura”
Data: de 19 de janeiro a 18 de fevereiro de 2021
Horário: terças e quintas-feiras, de 19h às 21h
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade – São Paulo/SP (online pela plataforma Zoom)
Inscrições: gratuitas, até 15 de janeiro de 2021, através do formulário online.