segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Finalista do Prêmio MTD de Fotografia é acusado de plágio

fevereiro 18, 2019 | por Cid Costa Neto

No início deste mês de fevereiro, foram divulgados os trabalhos finalistas da primeira edição do Prêmio MTD de Fotografia, promovido pela associação cultural Movimento Territórios Diversos. Porém, o que deveria ser um evento de celebração à fotografia, ficou marcado por uma grande polêmica: O fotógrafo carioca Leonardo Cossatis, finalista na categoria Profissional do concurso, foi acusado de plágio pela fotógrafa amazonense Maria Di Andrea Hagge.

Hagge é autora do projeto “Lambe Lambe - Sonhos ambulantes”, que consiste em reeditar a cultura do fotógrafo lambe-lambe através de uma performance. Ela monta um cenário e assume o papel do fotógrafo ambulante Seu Rosa, realizando retratos das pessoas no local, com trajes e objetos de época. As imagens então são expostas em um varal e disponibilizadas ao público.

Em julho de 2013, Hagge realizava mais uma edição do seu projeto no bairro de Sepetiba, na cidade do Rio de Janeiro. Após uma das produtoras locais ter dito que seus pais nunca se casaram na igreja, a fotógrafa decidiu celebrar a cerimônia fazendo um retrato do casal em seu teatro fotográfico. Durante a ocasião, o fotógrafo Leonardo Cossatis capturou imagens da performance e, mais recentemente, decidiu inscrever uma das fotografias que tirou no concurso.

A foto tirada por Cossatis (à esquerda) e a foto tirada por Hagge (à direita)


A fotografia de Cossatis foi classificada como finalista, porém, Hagge usou as redes sociais para protestar: “A produção, a ideia, os figurinos tudo nessa foto fui eu q fiz e idealizei!”, escreveu a fotógrafa. No dia 13 de fevereiro, o Prêmio publicou uma nota informando que a foto participante estava sendo suspensa e que seria realizada uma reunião para julgar se a foto teria ou não direito de continuar no concurso, além de consultar as questões jurídicas a respeito.

Em seu perfil no Facebook, o fotógrafo explicou que foi convidado pela produção a participar como colaborador. “Durante o evento fiz fotos de todos os ângulos e para todos os fins fotografando inclusive a pedido entusiasmados dos participantes. Como faço em muitos outros trabalhos, mesmo para grandes e renomadas empresas. Mesmo assim me sendo permitido publicar, quando livre de direitos contratuais, como obra de minha criação pela própria função em que desempenhei.”

No dia 15, a organização publicou uma nota oficial a respeito do caso, ratificando a participação da foto como finalista do concurso, por “absoluta ausência de quaisquer violações ao regulamento do Prêmio, ou que sejam relativos aos direitos de terceiros, seja de natureza personalíssima, direito autoral e/ou direitos civis e penais, os quais não nos cabem deter enquanto organizadores”.

O fotógrafo Milton Guran, entrou em defesa de Hagge: “Apresentar essa imagem assinada por Leonardo Cossatis como finalista do Prêmio seria apenas um equívoco não fosse o fato de que a imagem em questão não e da sua autoria. Ela é um recorte de uma instalação de autoria de Maria Di Andrea. Nem precisa ser advogado, basta ter bom senso para ver que isso é plágio e apropriação indébita de obra alheia.”