sábado, 11 de janeiro de 2014

Jornalista do “The New York Times” tem imagem utilizada sem autorização por empresa de Roraima

janeiro 11, 2014 | por Resumo Fotográfico


O jornalista americano Seth Kugel, que já morou em São Paulo e escreve para o "The New York Times" para uma coluna sobre turismo, descobriu em Dezembro do ano passado que uma foto sua, com o resto da sua família, ilustrava o painel de uma agência de crédito financeiro em Boa Vista.

A paulista Tammy estava visitando seus pais que moram na capital roraimense e reconheceu o amigo no anúncio. Surpreendida com a cena, ela então tirou uma foto e enviou para Seth através de e-mail.

Segundo o blog de um dos familiares, a foto no anúncio foi feita há dois anos, durante um encontro anual da família para uma caminhada antes do feriado de Ação de Graças. A postagem afirma ainda que a imagem foi manipulada. A bola de futebol americano que uma das crianças segurava foi removida e o fundo da imagem foi alterado por uma montanha.

Na edição de sexta-feira (10), do "New York Times", foi publicado um artigo a respeito onde o jornalista relata o que aconteceu e sua investigação a respeito.

"Em 2012, eu escrevia uma coluna de viagem para o site IG, e tinha usado essa mesma foto para um artigo sobre o que fazer se você visitar os Estados Unidos durante a Ação de Graças. Peguei meu antigo contrato: É permitida ao IG 'comercializar' minhas fotos. Mas eu escrevi para eles e eles disseram que nunca tinham vendido os direitos."

Os responsáveis pela filial de Boa Vista da CrediRápido - que tem sede em Manaus - disseram que a escolha da foto foi feita por uma empresa de publicidade. Segundo matéria da Folha de São Paulo, a gerente da loja Cristiane Souza, confirmou a informação. 

O mais provável é que a foto tenha sido encontrada no Google e utilizada sem qualquer autorização. O texto no jornal americano questiona a existência de uma grande margem para que se trabalhe fora da legalidade no Brasil. Vitor Knijnik, um amigo que começou a trabalhar no setor de publicidade no final de 1980 contou que a prática de utilizar fotos sem autorização era comum. "Nós usavamos fotos diretamente de revistas estrangeiras, porque a probabilidade de alguém nos pegar era pequena."

Outra questão levantada pelo jornalista, é a utilização de um perfil muito diferente das pessoas que vivem naquele lugar. "Em um Estado em que 74% da população não é branca (e 0% da população utiliza casacos de inverno), por que nós?", questionou.

Apesar da violação, Kugel e sua família levaram a questão de maneira bem humorada. Segundo ele, a CrediRápido teria perguntado se ele queria que a imagem fosse retirada. "O que, e acabar com os nossos 15 minutos de fama? Não!" Ele conta que sua família não leva a privacidade muito a sério. "Meu pai é um personagem regular no blog muito pessoal de minha mãe. Se o meu irmão, Jeremy, tivesse uma chance, ele seria um apresentador. Minha imagem aparece 24 horas por dia na seção de viagem on-line do The Times, e meus dois sobrinhos já atuaram em meus artigos."

Independentemente do bom humor da família Kugel, vale ressaltar que a atuação da agência responsável pelo material infringe a lei de direito autoral e de direito à imagem no Brasil, que não permitem a publicação de obras ou imagem pessoal, sem autorização do autor e/ou do retratado, principalmente tratando-se de uso comercial.