sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Série de fotos revela jornada de manequins além das vitrines

agosto 18, 2017 | por Gabriela Brina

Embora as câmeras sejam muitas vezes apontadas para modelos mundialmente conhecidas que desfilam em passarelas, são os manequins nas vitrines com quem a maioria dos consumidores se identifica. Sempre fixado na mesma posição, suas figuras plácidas atraem consumidores que estão prontos para gastar o restante do salário na intenção de se atualizarem com a última tendência da temporada. São objetos de observação, as ferramentas do comércio, os símbolos de uma modernidade metropolitana sempre em movimento. Mas, embora sem vida, eles não são imortais.

"Depois de fotografar e editar as fotos, vi um pouco de vida neles", disse Oded Balilty, o fotógrafo israelense premiado com o Prêmio Pulitzer. "Eles não são apenas pedaços de fibra de vidro". As fotografias de Bality nos levam para além das vitrines, para a "vida" de um manequim: desde o nascimento em uma fábrica até o seu fim, expostos em vitrines, descartados e degradados.

Ele visitou pela primeira vez a Lucky Human Mannequin Factory em Shenzhen, China e a Goldsmith em Nova York. Nesses grandes armazéns encontrou braços pendurados no teto ao lado de dezenas de cabeças de plástico, torsos de fibra de vidro e caixas com mãos feitas de papel machê. Centenas de manequins desmembrados estão empilhados em linhas, esperando ser lixados, polidos e pintados. "Eu senti como se estivessem sussurrando uns aos outros quando eu virava minhas costas", diz Balilty.


As fotografias de Balilty mostram como cada um tem um lugar no centro das atenções dos compradores que passam: quatro manequins encurralam a rua em Pequim, vestindo casacos de pele extravagantes; Um é desfilado em um carrinho em Tel Aviv, Israel, mostrando uma fantasia para o Purim, um feriado judaico; Outro olha pela janela de uma loja de roupas no Fashion District de Nova York.

Mas as tendências da moda se tornam rápidas e, com o tempo, assim se tornam seus vendedores. A maioria é empilhada em um lixão próximo ou nos fundos de lojas, onde a tinta em suas faces, uma vez lustrosa, desaparece sob as rachaduras e a sujeira da exposição ao clima.

"Mais desconcertante que a sua morte foi o seu impacto nos compradores durante seus dias de auge", diz Balilty. As lojas pedem aos fabricantes  sempre as mesmas proporções para o manequim: magro, alto, pernas longas e seios fartos.

 "Como os seres humanos, todos começam da mesma maneira, mas ao contrário da vida real, eles são moldados na mesma forma, de acordo com o que a sociedade acredita ser as proporções ideais do corpo humano. É errado. As mulheres são consumidoras fortes e a indústria tem alienado suas mentes, defendendo um ideal de beleza que nem sequer é comum."

















Fonte: Time