sábado, 4 de novembro de 2017

Fotógrafo revela sua vida entre retratos de moda e família

novembro 04, 2017 | por Gabriela Brina


O fotógrafo de moda Erik Madigan Heck, cuja imagem de seu trabalho pessoal estampou a capa da Time, falou sobre sua criação para a revista. "A imagem seria diferente se fosse construída", ele diz sobre a foto de sua esposa, Brianna Killion, e seu filho Winston. "Mas nós estávamos apenas relaxando, ela estava amamentando e a minha câmera estava na mesa e então eu simplesmente a agarrei." Killion adiciona: "Parte da razão pela qual estávamos nus fora é porque Winston tem fralda de tecido e você tem que deixá-las secar no sol. E ele parece gostar de estar nu!"



Este íntimo intercâmbio entre marido, esposa e filho, complementado pela luz de agosto que atravessa as árvores, cria uma imagem expressiva. Enquanto Heck pode estar fotografando sua família, ele está olhando através das lentes de um artista. "Eu vejo isso em um contexto artístico-histórico de pinturas referentes a 'Madonna and Child', viajando ao século XV com suas pinturas flamengas", diz o pai de 34 anos de duas crianças. Killion, com 31, diz que encontra o processo colaborativo: "Este verão, percebemos que poderíamos fazer uma arte bonita juntos usando nossa vida diária. Apenas no nosso quintal ou mesmo no nosso quarto no andar de cima."

A fotografia de Heck tem uma estética distintiva, mas essas imagens - ao contrário de seu trabalho de moda, que apareceu nas capas de TIME, Harpers Bazaar e New York Magazine - são intensamente "reais". Elas são despojadas, sem o artifício de um estúdio iluminado, de figurinos e sets de fotografia. Elas são simples nus na natureza. "Muito do meu trabalho de moda é muito montado e é o oposto em termos de metodologia. Eu esboço o set e venho com as referências ", diz Heck. "Essas, no entanto, são realmente sobre estar no momento, sobre a luz, sobre o corpo."

Este método de permitir que uma imagem tome seu curso natural é reflexo da abordagem de Heck e Killion sobre serem pais. Embora Killion tivesse esperado um parto "natural" em casa, ela acabou tendo duas cesarianas em um hospital. Ela conta que realmente ficou feliz em fazer o que fosse melhor para ela e para o bebê. "Para nós, o nascimento precisava ser o que era", acrescenta Heck. "Nós realmente não tivemos nenhuma ideia preconcebida."


Os retratos familiares de Heck flertam entre a realidade e a fantasia. O pano de fundo da floresta de Connecticut de sua casa não é uma natureza tão natural como a conhecemos: os verdes da floresta se tornam azuis turquesa e os rosas corados se tornam em corais. "A cor sempre foi uma das coisas mais importantes para o meu trabalho - e por aqui também é a mudança das estações", diz ele. "Então eu pego o que já está lá e elaboro. Não estou inventando coisas que não estão lá, apenas empurrando-as em certas direções."

O relacionamento de Heck com a cor decorre de um romance de vida com a pintura. "Para mim, a pintura sempre foi mais sobre as cores", diz ele. "E eu acho que é por aí que minha fotografia atravessa, em como você pode transformar a cor de uma maneira como a de um pintor com um pincel." Ele pintou quando criança, aprendendo com sua mãe. "A primeira pintura dela que eu vi foi de uma mãe nua em um fundo ciano, com um pedaço de pano vermelho. Isso pendia sobre minha cama quando eu era criança e agora paira sobre o berço de Winston", diz ele. "Parece muito com as fotos que estou fazendo de Brianna." Pintores como Edouard Vuillard, Michael Borremans e Marlene Dumas, bem como o fotógrafo Harry Callahan, também o influenciaram.

Longe da conversa do estúdio do fotógrafo, Heck voltou à uma abordagem mais pragmática que definiu o início de sua carreira. "Meu trabalho começou apenas com o sempre ter uma pessoa e eu mesmo e fazê-lo realmente DIY", diz ele. "É muito libertador porque em qualquer momento poderíamos estar no andar de cima e então eu poderia simplesmente ver a luz passar por uma janela e pensar 'Oh, isso é ótimo, vamos tirar uma foto.'"


Fonte: Time