Foi observando a maneira estereotipada como seu bairro é retratado pela mídia, que a fotógrafa Juliana Gomes, 30, moradora do Campo Limpo, zona sul, periferia da cidade de São Paulo, decidiu criar o projeto fotográfico “Aquele Salve Campo Limpo”, onde publica, em uma conta no Instagram, diversas imagens enviadas pelos próprios moradores para valorizar a região.
A ideia surgiu em fevereiro deste ano e as primeiras fotografias publicadas foram feitas por Juliana, que logo idealizou a hashtag #AqueleSalveCampoLimpo para integrar as imagens que fossem feitas por outras pessoas.
“Se antigamente você pesquisasse sobre o Campo Limpo no Google, só iria encontrar índices de criminalidade. Já fazia um tempo que tinha vontade de fazer algo positivo pelo meu bairro, e essa foi a maneira que eu encontrei”, explica.
No início, a fotógrafa começou a pesquisar por usuários da rede social que moravam pelo bairro e falar sobre o projeto, para que eles começassem a interagir e a enviar fotos. Em pouco tempo a tag já havia se espalhado pelas ruas e pela internet.
A repercussão foi tão grande que ela precisou criar um esquema para selecionar e administrar todo o material enviado, que chega diariamente.
“O objetivo é justamente mostrar outros olhares sobre a nossa realidade, da perspectiva de quem realmente vive ali. Mostrar a arte que existe no bairro, aquela que muitas vezes ninguém nem mesmo sabe que tem, ou se conhece, depois disso começou a olhar de uma maneira diferente”, conta.
Foi através desta troca com os vizinhos que Juliana acabou descobrindo coisas que também desconhecia, como espaços culturais e eventos.
Futuramente ela espera realizar uma exposição coletiva, para prestigiar todos os fotógrafos que se tornaram protagonistas e contribuem todos os dias com imagens simples, porém muito significativas.
