domingo, 6 de dezembro de 2020

Festival Internacional de Fotografia de BH traz como tema as “Imagens Resolutivas”

dezembro 06, 2020 | por Resumo Fotográfico

Entre os dias 7 e 12 de dezembro, o evento online vai apresentar uma exposição com 43 artistas de vários países, além de oficinas, palestras e resultados de atividades formativas


Sharamentsa”, de Pablo Nantu

“Imagens Resolutivas” são aquelas que apontam caminhos, soluções e saídas para os problemas enfrentados coletivamente, que tensionam nossa compreensão e atuação no mundo. O termo, trazido pelo agricultor e líder quilombola Antônio Bispo dos Santos (Nego Bispo), no Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH) em 2017, foi escolhido como tema da edição deste ano, que acontece entre os dias 7 e 12 de dezembro, pelo site www.fif.art.br. Nesse período, além de uma exposição com artistas de diversos países, a programação traz oficinas e palestras com convidados brasileiros e internacionais, bem como resultados de atividades formativas realizadas desde novembro.

A exposição contará com 43 artistas selecionados, entre fotógrafos, artistas visuais e videomakers. São nomes de 19 países, tais como Uruguai, África do Sul, Japão, Grécia, Kuwait, entre outros. Neste ano, o FIF-BH recebeu um total de 1.745 inscrições, de artistas dos cinco continentes do mundo, para a exposição que traz como um mote complexo. “É um tema desafiador, que exige estudo, contexto. É difícil apontar caminhos, mesmo que seja de maneira poética”, afirma Bruno Vilela, que realiza desde 2013 o FIF-BH junto a Guilherme Cunha, ambos artistas e pesquisadores. 

O processo de seleção teve que ser estendido, em função da pandemia do covid-19, e durou entre fevereiro e julho. A situação sanitária, inclusive, fez com que o FIF-BH fosse adiado para o fim do ano e readequado para o formato virtual. Uma das ideias de levar o festival para o plano físico, de forma responsável, foi o FIF em Casa. A proposta se desdobrou em duas modalidades: em uma, inscritos receberão gratuitamente uma publicação com fotografias impressas dos artistas que fazem parte desta edição, podendo montar suas exposições em casa; em outra, muros de casas, instituições e estabelecimentos foram selecionados para receber cartazes com imagens fotográficas do FIF-BH 2020, coladas em lambe-lambe.

“Optamos por uma programação virtual, o que possibilita a participação de pessoas de vários lugares do Brasil. Perdemos no contato, na troca presencial, mas tivemos outros ganhos. Realizar atividades virtuais facilitou também convidar profissionais de outros países para ministrar oficinas, como a fotógrafa espanhola Cristina Nuñez e o artista colombiano Ricardo Muñoz Izquierdo”, afirmam os organizadores, ressaltando a importância de fomentar e pensar a fotografia e seus desdobramentos na atualidade. “O festival entra num lugar de discussão das imagens, mas também de ampliar repertório. A cada fotógrafo, a cada artista, vamos percebendo outras formas de produzir conhecimento, de produzir poesia, de produzir comunicação. E, quanto mais repertório temos, mais conseguimos ler e interpretar as imagens que estão à nossa frente no dia a dia”.


“La Terre les étoiles et le bateau échoué”, de Nicolas Henry

Oficinas, palestras e atividades formativas

Outro importante pilar da programação do FIF-BH são as oficinas, que também acontecem entre 7 e 12 de dezembro, pelo site do Festival. As inscrições já estão encerradas. Serão quatro workshops, todos ministrados por grandes nomes da fotografia e do audiovisual: o cineasta mineiro Affonso Uchoa ("CEP: MUNDO, intimidade e universalidade audiovisuais em tempos de isolamento", Brasil); a fotógrafa espanhola Cristina Nuñez (“Auto-retrato”, Espanha); o artista visual colombiano Ricardo Muñoz Izquierdo (“Photoscopia”, Colômbia); e a fotógrafa, artista visual e pesquisadora pernambucana Ana Lira (“ENTRE-FRESTAS”, Brasil). 

As palestras também fazem parte do FIF-BH desde sua primeira edição e neste ano não será diferente. Em 2020, a programação contará com quatro convidados que partilharão visões, questionamentos e reflexões em torno das "Imagens Resolutivas": Alfredo Jaar (Chile), Aline Motta (Brasil), Roland Bleiker (Austrália) e Frido Claudino (Brasil). Já o ciclo de conversas intitulado “Experiências da Imagem” terá a participação de quatro artistas que fazem parte da exposição deste ano: Federico Estol (Uruguai), Ana Lira (Brasil), Nicolas Henry (França) e Lebohang Kganye (África do Sul).

Segundo os organizadores - Bruno Vilela e Guilherme Cunha - a curadoria dos convidados do FIF-BH buscou consonância com o conceito do Festival. “Convidamos para o ciclo de palestras artistas, professores e pesquisadores que podem contribuir para uma maior compreensão das imagens e como elas podem construir caminhos para resolutividades”, afirma Bruno Vilela. 

“Nas ‘Experiências da Imagem’, convidamos fotógrafos que estão participando das atividades do festival e trazem em seus trabalhos reflexões que experimentam processos de produção de imagens que podem ir em direção a resolutividades. É o caso do Frederico Estol, ou do Nicolas Henry, que constroem imagens junto a grupos e comunidades, como um exercício coletivo de produção de imagem e narrativas sobre si mesmos e sobre o contexto onde vivem. O resultado é apresentado em séries fotográficas com imaginário mais positivo, resolutivos e menos estigmatizantes”, diz Guilherme Cunha.

O FIF-BH 2020 conta ainda com a Maratona Fotográfica, cujas atividades começaram em novembro. Trata-se de um processo de produção poética que busca contribuir com o desenvolvimento de fotógrafos e artistas por meio de encontros entre artistas e orientadores convidados. Nesta edição, foram 15 selecionados, que estão sendo orientados, em grupos de cinco, pelos brasileiros Joaquim Paiva e Pedro David, e pela portuguesa Ângela Berlinde. O processo resultará em séries fotográficas inéditas e originais que serão exibidas no site do festival.


“Yudez”, de Edu Simoes

Sobre o FIF-BH 2020 

O Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH) é uma ação cultural bienal, que promove o diálogo entre a produção fotográfica de diferentes países, bem como o encontro entre a fotografia e outros meios de expressão criativa. Tem como proposta transformar BH em um polo de convergência para a discussão sobre a produção da imagem fotográfica no Brasil e no mundo, por meio de palestras, debates, exposições, workshops, leituras de portfólios, apresentação de artigos acadêmico, projeções, mostras de livros e pela realização de uma maratona fotográfica.

Em sua primeira edição, em 2013, o FIF-BH trouxe o conceito “Espaços Compartilhados da Imagem”, tendo como base a produção contemporânea da imagem fotográfica e de suas mídias relacionadas, com a participação de artistas brasileiros e estrangeiros. Já em 2015, se propôs a levantar questionamentos e reflexões sobre a produção imagética a partir do tema “Mundo, Imagem, Mundo”. Em 2017, foi a vez do FIF debruçar-se sobre o mote da “Política da Imagens”, numa busca por compreender o papel das imagens nas construções políticas e na possibilidade de criticá-las e recriá-las. 

SERVIÇO

Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte 2020 
Data: de 7 a 12 de dezembro de 2020