terça-feira, 2 de março de 2021

As Poéticas do Banal de Thiago Rodeghiero

março 02, 2021 | por Thais Andressa


Um olhar poético, sensível e ao mesmo tempo, crítico sobre o cotidiano, é o que propõe o trabalho do artista Thiago Rodeghiero. A série fotográfica intitulada “Poéticas do Banal” está em exposição no site da Editora Nômade. Para o artista, banal é o que não quer ser visto, mas o que provoca incômodos. “Todas as vezes que passamos por determinadas situações muito complicadas, e que as ignoramos, é a banalidade funcionando para nos fazer ignorá-las. A poética do banal vem na contramão, fazendo ver e fazendo sentir as pulsões das marcas humanas no mundo; nossa pegada nada amigável com relação ao ambiente em que vivemos”. Para o artista, a fotografia é o meio pelo qual a vida pede passagem. “Acredito que fazer arte, produzir imagens e fotografar, é dar vazão às expressões dos pequenos gestos criadores de sensações. A partir de experimentações visuais, a fotografia é, de certa forma, uma poesia visual que rompe com a linguagem representacional”, declara.

Referências

Já com o interesse no aprofundamento em pesquisas na área de poéticas visuais, Thiago conta que em 2016 fez dois cursos: “Mapas Poéticos”, com Renata Requião; e “Paisagens cotidianas e dispositivos de compartilhamentos”, com Duda Gonçalves. “Neles pude abrir o meu pequeno território e mapear meu processo artístico. Foi um ponto de virada, uma guinada dessas que a vida dá. Desde então, comecei a me dedicar à imagem e ao processo de artista. O banal surge como uma necessidade de abandonar as velhas convenções das ditas 'boas imagens', e começo a investir no que há de qualidade sensível, ao invés de uma extraordinária qualidade imagética”.

Para Rodeghiero, não há inspiração, e sim intuição. “Estamos imersos num caos de signos que nos rodeiam. Captá-los e fazê-los vibrar em ressonância é o trabalho do artista. Não creio que as coisas venham do nada ou que tenhamos talento, mas sim, acredito que há processos e procedimentos que levam a determinadas escolhas e criações”, declara. Para ele, o banal surge no envolvimento com o trabalho dos artistas Allan Kaprow, Robert Smithson e Karina Dias e nos textos de Georges Perec, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Giorgio Agamben e Franz Kafka.

Sobre o artista

Thiago Heinemann Rodeghiero é artista visual, videomaker e designer. Tem graduação em Artes Visuais e mestrado em Educação, desenvolvendo sua pesquisa nas fronteiras híbridas da arte, educação, cinema e filosofia. Desde 2010, compõe o colegiado de cinema da Universidade Federal de Pelotas como técnico em edição de imagens.