quinta-feira, 12 de junho de 2025

Documentário traz uma nova perspectiva sobre o artista Andy Warhol

junho 12, 2025 | por Resumo Fotográfico



Um dos artistas mais polêmicos do século XX e ícone cultural, Andy Warhol é apresentado sob uma nova perspectiva no documentário “Andy Warhol - Um Sonho Americano”, do eslovaco L'ubomír Ján Slivka. O longa chega aos cinemas brasileiros no dia 19 de junho de 2025, com distribuição da Autoral Filmes.

Em evidência no Brasil, no momento, graças à exposição de sua obra em São Paulo, Warhol é uma figura controversa, assim como sua arte. Responsável por obras marcantes de arte pop, como a série “Shot Marilyns”, de 1964 (que chegou a ter uma obra leiloada por um bilhão de reais, em 2022), e Campbell's Soup Cans, além de filmes como “Sleep” (1963) e “Blue Movie” (1969), o artista se tornou um mito ao longo dos anos, status que só aumentou com sua morte, em 1987.

“Andy Warhol - Um Sonho Americano” mergulha na persona misteriosa de Warhol e nos fortes laços familiares que o moldaram, revelando facetas ocultas de sua vida e das forças criativas que o inspiraram. Por meio de entrevistas francas e materiais raros de arquivo, o público é conduzido em uma jornada desde a herança eslovaca de Warhol até seus anos inovadores na cidade de Nova York. Com imagens inéditas e revelações, o longa oferece uma perspectiva inédita sobre a natureza introspectiva de Warhol e o impacto duradouro que ele teve na arte e na cultura.



Os criadores do documentário encontraram um território inexplorado de profundas relações familiares dentro da família Warhol, de origem eslovaca, como o diretor do longa. A história dele é contada por pessoas cujas declarações nunca haviam sido registradas, e o filme apresenta novos materiais sobre temas que até hoje ninguém havia investigado.

Parte do filme foi rodada no país de origem dos pais de Warhol, a atual Eslováquia, onde o Catolicismo Bizantino era fortemente enraizado. A religião e a fé se entrelaçaram intensamente com a vida e a arte dele, como deixam claro as obras e entrevistas com historiadores e membros da família.

O documentário vai também até o local de nascimento dele em Pittsburgh, à universidade onde estudou, o Carnegie Tech (hoje Universidade Carnegie Mellon), e também à sua primeira casa em Nova York. O filme traz imagens do local onde ele foi vítima de uma tentativa de assassinato, em 1968, e do hospital onde faleceu repentinamente anos depois, da catedral de sua despedida final e de seu túmulo em Pittsburgh.

O filme apresenta entrevistas com especialistas, como o historiador Steven Watson, autor do livro “Factory Made: Warhol and the Sixties”; Rudolf Prekop, fotógrafo, autor de um livro sobre Warhol, e fundador de um museu sobre o artista na cidade de Medzilaborce, ao lado de Michal Bycko, que também está no filme; Magdaléna Juříková, historiadora de arte e diretora da Galeria da Cidade de Praga; além de familiares e amigos, como Donald G. Warhola e James Warhola, sobrinhos do artista. Assista ao trailer:

terça-feira, 10 de junho de 2025

Exposição “Brasil Vivo”, em Diamantina

junho 10, 2025 | por Resumo Fotográfico

Mostra do fotógrafo e ambientalista Mário Barila integra programação que celebra os “180 Anos da Chegada da Fotografia em Minas Gerais”



Até o dia 30 de junho, o fotógrafo e ambientalista Mário Barila apresenta as imagens da vida dos biomas brasileiros, registradas em suas incursões pelo país, na exposição “Brasil Vivo”, que acontece no espaço Lapidário das Artes, em Diamantina, MG. A mostra integra a programação comemorativa dos “180 Anos da Chegada da Fotografia em Minas Gerais”, que busca valorizar e preservar a memória fotográfica da região, e incentivar novas pesquisas e abordagens sobre a história de Minas Gerais a partir da imagem fotográfica.

Idealizador do Projeto Água Vida, de apoio às ações socioambientais financiadas pelos recursos obtidos com a venda das fotos, Barila foi convidado para participar da programação do evento por contribuir com diversas iniciativas em Minas Gerais, para recuperação de áreas atingidas por acidentes ambientais, como o rompimento da barragem na região do Brumadinho e Mariana (MG), e também na restauração das obras paisagísticas de Burle Marx, em largos do centro histórico de Tiradentes (MG).

Na mostra serão exibidas 50 imagens em projeções e em quadros, que revelam a beleza e a diversidade dos biomas brasileiros: da Amazônia à Mata Atlântica, incluindo o Cerrado e imenso litoral, além das comunidades de pescadores e ribeirinhas, que dependem dos recursos naturais para tirar seus sustentos e lutam para sobreviver em ambientes cada vez mais impactados pela intervenção humana.

Os interessados em apoiar as causas de Mário Barila podem obter mais informações pelo email mariobarila@yahoo.com.br.

SERVIÇO:
Exposição “Brasil Vivo”, de Mário Barila
Data: até 30 de junho de 2025
Horário: de ter a qui, de 14 às 17h; sex e sábado, de 10h às 19h e domingo de 10h às 16h
Local: Lapidário das Artes – Rua São Francisco, 49, Diamantina/MG
Entrada franca

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Morre o fotógrafo Sebastião Salgado

maio 23, 2025 | por Resumo Fotográfico

Sebastião Salgado (1944-2025) por Sean Gallup

O fotógrafo Sebastião Salgado morreu aos 81 anos nesta sexta-feira (23), em Paris, na França. Ele enfrentava problemas decorrentes da malária. O artista ficou conhecido internacionalmente por seus trabalhos em preto e branco, priorizando a abordagem de temas humanitários, sociais e ambientais, viajando por mais de 120 países para apresentar seus trabalhos, que se transformaram em exposições, livros e publicações de imprensa.
"Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora", escreveu o Instituto Terra.
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em 1944, em Conceição do Capim, distrito do município de Aimorés, no interior de Minas Gerais. Formou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestre pela Universidade de São Paulo e doutor pela Universidade de Paris. Casou-se com Lélia Wanick, com quem teve dois filhos, Juliano e Rodrigo. Em 1968, trabalhou no Ministério da Economia.

Em 1969, engajados no movimento de esquerda em plena Ditadura Militar no Brasil, Salgado e Lélia emigraram para Paris. Em 1971, ele concluiu seu doutorado e passou a trabalhar como secretário para a Organização Internacional do Café (OIC) enquanto Lélia estudava arquitetura. Foi durante as viagens de trabalho para a África que realizou sua primeira sessão de fotos. Em 1973, retornam a Paris e Salgado passa a se dedicar totalmente à fotografia.

Sebastião Salgado e Lélia Wanick

A carreira como fotojornalista começou trabalhando para as agências de fotografia Gamma e Sygma. Entrando para a agência Gamma, em 1974, realizou uma série de imagens sobre a Revolução dos Cravos em Portugal e a guerra civil em Angola e Moçambique. Na agência Sygma (1975-1979), viajou por mais de 20 países da Europa, África e América Latina, cobrindo vários eventos. Em 1979, tornou-se membro da renomada agência Magnum, fundada em 1947 por Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, entre outros.

Em 1986, publicou o livro “Autres Ameriques” sobre camponeses na América Latina. No mesmo ano, passou a trabalhar para a Organização Humanitária Médicos sem Fonteiras. Salgado retratou durante 15 meses os refugiados da seca e o trabalho dos médicos e enfermeiros voluntários na região africana de Sahel da Etiópia, Sudão, Chade e Mali. As fotos resultaram no livro “Sahel – L'Homme en Détresse”. A série “Workers”, sobre trabalhadores em escala mundial, entre 1987 a 1992, correu o mundo em exposição.

Entre 1993 e 1999, Salgado dedicou-se a retratar a emigração massiva de pessoas no mundo todo, dando origem às obras “Êxodos" e “Retratos de Crianças do Êxodo”, em 2000, ambos alcançando grande sucesso mundial. No ano seguinte, no dia 3 de abril de 2001, Salgado foi indicado para ser representante especial do UNICEF. Em colaboração com a entidade internacional, o fotógrafo doou os direitos de reprodução de várias fotografias suas para o Movimento Global pela Criança.



Gênesis

Em 2013, Salgado apresentou os resultados do seu ambicioso projeto “Gênesis”, que impressionou pela escala monumental e o apurado uso do preto e branco. Nele, o fotógrafo visitou as regiões mais afastadas do contato com o homem civilizado, por mais de 30 países. Ao longo de oito anos, ele conviveu com tribos de costumes ancestrais e viu paisagens que poucos tiveram a oportunidade de conhecer.

Além da exposição fotográfica que rodou o Brasil e o mundo, apresentando cerca de 250 fotos, o projeto contempla o livro de mesmo nome. Publicado pela Taschen, com 520 páginas o livro tem 33,50 x 24,30 cm e pesa 4 kg. O projeto conta ainda com um documentário, “A Sombra e a Luz”, dirigido pelo cineasta alemão Win Wenders, com colaboração do filho do fotógrafo, Juliano Salgado.

“Gênesis” representou algumas mudanças na trajetória do fotógrafo brasileiro. Pela primeira vez, Salgado registrou imagens de animais e de paisagens naturais. Uma decisão que ele atribuiu à profunda desolação em que afundou ao cobrir o genocídio em Ruanda, em 1994, durante o qual pelo menos 800 mil pessoas foram assassinadas. Parte das fotos que retratam os efeitos do genocídio compõem o livro “Êxodos”.


Outra mudança foi que o projeto marcou a adesão de Sebastião Salgado ao digital. Uma transição forçada, uma vez que já não suportava mais os transtornos causados pelos aparelhos de raios-x dos aeroportos. Porém, apesar de adotar a nova tecnologia, continuou fotografando do mesmo jeito que fazia com filme, editando as fotos do projeto em folhas de contato, com lupa.
“Suas imagens agradavelmente em preto e branco são compostas com muita minúcia, são dramaticamente teatrais e apresentam um uso da luz semelhante ao da pintura”, escreve a jornalista Susie Linfield.


Cavaleiro Sebastião Salgado

Em 2016, Sebastião Salgado foi nomeado cavaleiro da Légion d’Honneur, honraria concedida pelo governo francês a personalidades de destaque, desde os tempos de Napoleão. No ano seguinte, o fotógrafo tornou-se o primeiro brasileiro a integrar a Academia de Belas Artes da França, instituição que tem origem no século XVII e uma das cinco academias que compõem o Institut de France, templo da excelência francesa nas artes e nas ciências.
   

terça-feira, 20 de maio de 2025

Mosaico Fotogaleria recebe exposição inédita sobre os Kalungas

maio 20, 2025 | por Resumo Fotográfico

Mostra reúne olhares de dois fotógrafos sobre a comunidade Kalunga, o maior remanescente quilombola do Brasil

Foto: Gustavo Minas

A maior comunidade quilombola do Brasil é o tema da exposição “Kalunga”, com fotografias de Gustavo Minas e Orestes Locatel, na Mosaico Fotogaleria. A abertura da mostra será no dia 22 de maio, a partir das 19 horas.

Com curadoria de Gabriel Lordello e Tadeu Bianconi, a exposição propõe o diálogo entre o trabalho desses dois fotógrafos brasileiros, de diferentes gerações, que se voltaram para a comunidade dos Kalungas, no interior de Goiás.

Locatel iniciou sua documentação no ano 2000 e já expôs seu trabalho na Bienal de Fotografia de Liege, na Bélgica; e na exposição "Black Is Beautiful", realizada durante a Bienal de Fotografia de Amsterdã, onde representou o Brasil ao lado do consagrado fotógrafo Walter Firmo. Também realizou outras três mostras individuais em galerias de arte de Bruxelas, na Bélgica, em Sófia e no Museu de Varna, na Bulgária.

O trabalho de Gustavo Minas na região é recente. Por meio do amigo Weverson Paulino, que é da região quilombola, realizou duas viagens, uma em 2023 e outra em 2024, durante a Romaria de Nossa Senhora da Abadia, mais conhecida como a Festa do Império Kalunga. Gustavo, que é mundialmente conhecido pelo trabalho de fotografia de rua, vem a Vitória para realizar um Workshop na Mosaico Fotogaleria, e vai expor seu trabalho dos Kalungas pela primeira vez.

Foto: Gustavo Minas

Dois olhares sobre os Kalungas

“Já conhecíamos essas fotografias do Orestes Locatel e sabíamos que ele nunca havia apresentado aqui no Brasil. Com a vinda do Gustavo Minas a Vitória, e cientes do trabalho recente dele na mesma região, propusemos uma exposição que reunisse essas duas visões bem distintas dessa comunidade tão distante para a maioria das pessoas. Criamos uma coleção inédita e belíssima que vale a pena conhecer”, afirma Gabriel Lordello, da Mosaico Fotogaleria.

A exposição, que é gratuita e aberta ao público em geral, contará com 29 fotografias em pequeno formato, sendo as coloridas de autoria de Gustavo Minas e as em preto e branco, de Orestes Locatel.
“Ao analisar os dois trabalhos é interessante ver como cada um desenvolve uma narrativa própria. Locatel, com um estilo mais clássico e documental, produziu as fotos em preto e branco, utilizando a fotografia analógica como suporte. Já Gustavo, apresenta uma proposta mais contemporânea e ousada, com a cor e o espontâneo alicerçando suas composições. Pensamos nesse diálogo para destacar o trabalho autoral na fotografia e, não menos importante, darmos luz para esta comunidade quilombola histórica e que precisa ser reconhecida, valorizada e preservada”, diz Tadeu Bianconi.
Todas as fotografias estarão disponíveis para aquisição na Mosaico Fotogaleria, desde pequenos formatos até grandes ampliações com qualidade fineart, acompanhadas de certificados de autenticidade.

A exposição fica em cartaz na Mosaico Fotogaleria até o dia 12 de julho. Para conhecer a mostra é preciso agendar uma visita previamente por meio do WhatsApp 027 99943 0831 ou pelo e-mail fotogaleria@mosaicoimagem.com.br.

Foto: Orestes Locatel

Sobre os fotógrafos

Gustavo Minas nasceu em Cássia, Minas Gerais, e atualmente vive em Brasília. Estudou fotografia com Carlos Moreira, Gueorgui Pinkhassov e Nikos Economopoulos. Em 2017, sua série "Rodoviária" venceu o Pictures of the Year Latin America, na categoria "O Futuro das Cidades". Em 2023, seu projeto "Cidades Líquidas" foi um dos finalistas do Leica Oskar Barnack Award. Tem dois livros publicados: "Maximum Shadow, Minimal Light" (2019) e "Liquid Cities" (2024).

Orestes Locatel, carioca, começou a fotografar aos sete anos de idade. Formado em Jornalismo pela UFES, foi contratado pela Bloch Editores, em 1995, onde integrou a equipe de fotógrafos da revista Manchete, uma das publicações tidas como referência do fotojornalismo brasileiro. Nos anos 2000, abriu um estúdio de fotografia publicitária e atendeu as principais empresas e agências capixabas. Retornou ao Rio de Janeiro em 2005, voltando a atuar com fotografia editorial para as mais importantes publicações do Brasil. Já participou de exposições no Brasil e no exterior. Hoje, se dedica aos seus projetos pessoais e atua como fotógrafo freelancer.

Foto: Orestes Locatel

Comunidade Kalunga

Com 262 mil hectares, o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga é o maior território quilombola do Brasil. Em 2021, o quilombo foi reconhecido pela ONU como o primeiro território no Brasil conservado pela comunidade, com 83% de área com vegetação intocada. A região abrange três municípios e abriga 56 comunidades, com mais de 8 mil habitantes. Sua população se fixou ali a partir do século XVIII, fugida da escravidão nas minas de ouro na região.

A economia do quilombo se baseia principalmente em agricultura de subsistência, com o cultivo de roças familiares, além do ecoturismo, extrativismo e pecuária. Devido às dificuldades de acesso da região, sua população conseguiu se isolar por muito tempo, desenvolvendo sua própria autonomia e subsistência. Até 1982 eram completamente isolados, com raros contatos externos. Com isso, conseguiram também manter suas tradições culturais, como as festas que reúnem comunidades de todo o território e remetem ao Brasil império.

SERVIÇO:
Exposição fotográfica “Kalunga”, de Gustavo Minas e Orestes Locatel
Abertura: 22 de maio de 2025, às 19 horas
Local: Mosaico Fotogaleria - Rua Aristóbulo Barbosa Leão, 500, loja 18, Shopping Victória Mall
Visitas: agendamento por WhatsApp (27) 99943 0831 ou email fotogaleria@mosaicoimagem.com.br.

domingo, 13 de abril de 2025

O beijo da morte

abril 13, 2025 | por Cid Costa Neto



A fotografia de autor desconhecido faz parte do Arquivo Bettman. Tirada em 12 de maio de 1957, retrata o momento em que a atriz Linda Christian beija o piloto espanhol Alfonso de Portago em uma breve parada durante a corrida Mille Miglia, no norte da Itália. Portago morreu momentos depois, quando um de seus pneus estourou a 250 km/h, próximo da localidade de Guidizzolo, em Cavriana.

A fotografia ficou famosa na Itália e foi popularmente chamada de “Il Bacio della Morte”. Publicada na edição daquele mês da revista Life, a imagem ganhou a legenda: “A morte finalmente leva um homem que a cortejou”. Ao longo dos anos, tornou-se uma das mais conhecidas fotografias de beijos e um símbolo de audácia e paixão jovem.