segunda-feira, 14 de julho de 2014

Polícia agride fotojornalistas durante manifestação no Rio

julho 14, 2014 | por Resumo Fotográfico

Mídia Ninja/Reprodução
Na tarde de ontem (13), cerca de 300 pessoas deixaram a Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, com destino ao Estádio do Maracanã, em manifestação contra os 26 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça no sábado contra ativistas e pediam liberdade de manifestação.

O protesto era pacífico até o momento em que os manifestantes tentaram sair da praça em direção ao estádio. A Polícia Militar fez um cerco no local, impedindo a passagem das pessoas e atirou bombas de efeito moral para dispersar a multidão, dando início ao tumulto.

Agressão deliberada à imprensa

Mauro Pimentel, fotógrafo do portal Terra, foi agredido deliberadamente quando tentava passar uma barreira de PMs para registrar um principio de confronto. Três policiais o acertarem com cassetetes no rosto e pernas.

“Eles gritaram: 'Para trás, para trás', começaram a bater e jogaram o spray de pimenta. Só que eu estava de máscara e continuei fotografando. Foi quando um cara [PM] me deu um chute na perna esquerda. Outro policial me segurou e me empurrou para trás. Só vi o cassetete no meu rosto. O filtro quebrou e a máscara trincou, mas segurou bem a pancada. Se estivesse sem aquela máscara fechada e o capacete estaria, no mínimo, com o nariz quebrado.” - afirmou Mauro em entrevista ao G1.

O fotógrafo afirmou ainda que estava identificado como jornalista, portando crachá e utilizando um capacete preto escrito 'imprensa' e com a logo do portal Terra. “Não tinha como fazer confusão”.

O fotojornalista Mauro Pimentel registrou o momento em que foi agredido pela PM
O fotógrafo peruano Boris Mercado, foi jogado no chão pelos PMs ao tentar fotografar a polícia agredindo os manifestantes. Ele chegou a ser detido e foi liberado após dizer que era repórter. "É triste ver a polícia reprimir comunicadores, que são observadores, nada mais. Usam a violência como primeira ferramenta", afirmou.

A fotógrafa freelancer Ana Carolina Fernandes, que trabalha para a Reuters, entre outros veículos, caiu no chão na correria. Segundo ela, um PM arrancou a máscara de gás dela e jogou spray de pimenta em seu rosto. Outro fotógrafo freelancer, Samuel Tosta foi atingido por estilhaços de bomba de efeito moral nas costas.

Vídeo mostra o momento em que o cinegrafista Jason O'Hara, no chão, recebe um chute de um policial
O cinegrafista canadense Jason O'Hara foi esmurrado por diversos policiais quando registrava o protesto. Em um vídeo publicado pelo Jornal A Nova Democracia, é possivel ver quando Jason, mesmo caído no chão, leva um chute de um policial, na altura do rosto. Ele afirma que, além de ser agredido, também teve a sua câmera GoPro roubada pelos policiais.

Além deles, foram agredidos também os jornalistas Oswaldo Ribeiro Filho, da inglesa Demotix, que teve uma bomba de gás jogada contra o rosto, o italiano Luigi Spera, Tiago Ramos, do SBT Rio e Felipe Peçanha, da Mídia Ninja.

Sindicato deve recorrer às autoridades e ONGs

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, um total de 15 profissionais da imprensa foram agredidos durante o ato.

“Além dos casos de agressões, houve também o cerceamento ao trabalho dos jornalistas e comunicadores em meio à repressão aos atos de protesto realizados na Tijuca. Os profissionais de imprensa foram impedidos de deixar a Praça Saens Peña durante duas horas, junto de cerca de 200 manifestantes. Esse grupo teve de enfrentar, sem possibilidade de refúgio, agressões físicas e o efeito das bombas de gás lacrimogêneo", diz o comunicado da entidade, que pretende encaminhar uma nova versão atualizada desse relatório às autoridades da Justiça e da Segurança Pública nos níveis estadual e municipal, assim como às autoridades e ONGs de direitos humanos nacionais e internacionais.

A presidente do Sindicato, Paula Máiran, lamentou as agressões. “A gente precisa se organizar e se unir, não só os jornalistas como toda a sociedade, para cobrar uma mudança desse modelo de segurança pública que, em nome da ordem, promove uma violência brutal desse tipo”, disse.