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Mídia Ninja/Reprodução |
O protesto era pacífico até o momento em que os manifestantes tentaram sair da praça em direção ao estádio. A Polícia Militar fez um cerco no local, impedindo a passagem das pessoas e atirou bombas de efeito moral para dispersar a multidão, dando início ao tumulto.
Agressão deliberada à imprensa
Mauro Pimentel, fotógrafo do portal Terra, foi agredido deliberadamente quando tentava passar uma barreira de PMs para registrar um principio de confronto. Três policiais o acertarem com cassetetes no rosto e pernas.
“Eles gritaram: 'Para trás, para trás', começaram a bater e jogaram o spray de pimenta. Só que eu estava de máscara e continuei fotografando. Foi quando um cara [PM] me deu um chute na perna esquerda. Outro policial me segurou e me empurrou para trás. Só vi o cassetete no meu rosto. O filtro quebrou e a máscara trincou, mas segurou bem a pancada. Se estivesse sem aquela máscara fechada e o capacete estaria, no mínimo, com o nariz quebrado.” - afirmou Mauro em entrevista ao G1.
O fotógrafo afirmou ainda que estava identificado como jornalista, portando crachá e utilizando um capacete preto escrito 'imprensa' e com a logo do portal Terra. “Não tinha como fazer confusão”.
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O fotojornalista Mauro Pimentel registrou o momento em que foi agredido pela PM |
A fotógrafa freelancer Ana Carolina Fernandes, que trabalha para a Reuters, entre outros veículos, caiu no chão na correria. Segundo ela, um PM arrancou a máscara de gás dela e jogou spray de pimenta em seu rosto. Outro fotógrafo freelancer, Samuel Tosta foi atingido por estilhaços de bomba de efeito moral nas costas.
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Vídeo mostra o momento em que o cinegrafista Jason O'Hara, no chão, recebe um chute de um policial |
Além deles, foram agredidos também os jornalistas Oswaldo Ribeiro Filho, da inglesa Demotix, que teve uma bomba de gás jogada contra o rosto, o italiano Luigi Spera, Tiago Ramos, do SBT Rio e Felipe Peçanha, da Mídia Ninja.
Sindicato deve recorrer às autoridades e ONGs
Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, um total de 15 profissionais da imprensa foram agredidos durante o ato.
“Além dos casos de agressões, houve também o cerceamento ao trabalho dos jornalistas e comunicadores em meio à repressão aos atos de protesto realizados na Tijuca. Os profissionais de imprensa foram impedidos de deixar a Praça Saens Peña durante duas horas, junto de cerca de 200 manifestantes. Esse grupo teve de enfrentar, sem possibilidade de refúgio, agressões físicas e o efeito das bombas de gás lacrimogêneo", diz o comunicado da entidade, que pretende encaminhar uma nova versão atualizada desse relatório às autoridades da Justiça e da Segurança Pública nos níveis estadual e municipal, assim como às autoridades e ONGs de direitos humanos nacionais e internacionais.
A presidente do Sindicato, Paula Máiran, lamentou as agressões. “A gente precisa se organizar e se unir, não só os jornalistas como toda a sociedade, para cobrar uma mudança desse modelo de segurança pública que, em nome da ordem, promove uma violência brutal desse tipo”, disse.