sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

PM ataca mais sete jornalistas em protesto em São Paulo

janeiro 22, 2016 | por Resumo Fotográfico

Repórteres e fotógrafos foram novamente agredidos pela Polícia Militar (PM) durante ação contra manifestantes concentrados na Praça da República, em São Paulo, na noite dessa quinta-feira (21.Jan.2016). A Abraji identificou sete profissionais vítimas da ação policial. Com os novos registros, sobe para 21 o total de vítimas: 17 agredidos e quatro constrangidos durante a cobertura. Imagens registradas por câmeras de celulares e equipes de televisão mostram que, mesmo identificados, repórteres foram alvo de golpes de cassetete, empurrões, bombas e balas de borracha.

O papel das forças de segurança é proteger cidadãos e garantir o direito de a imprensa trabalhar. Agressões de policiais contra jornalistas durante o exercício de suas atividades são características de contextos autoritários e inaceitáveis em regime democrático. A Abraji comunicará as novas agressões à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Espera que os abusos sejam apurados e, os responsáveis, punidos por esses atos.

A PM já havia ferido 12 repórteres e intimidado outros dois nos protestos de 2016. A Abraji se manifestou pela primeira vez após as agressões de 12 de janeiro. Dois dias depois, a PM agrediu outros quatro jornalistas. Os relatos das sete novas vítimas da corporação estão a seguir:

Avener Prado, repórter-fotográfico da Folha de S.Paulo, foi ferido com uma bala de borracha numa das pernas durante dispersão de manifestantes na Praça da República, após o cerco policial ao protesto. Ele teve que fazer um curativo no local.

Anna Virginia Baloussier e Rodolfo Viana, repórteres do caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo, estavam em frente à sede do jornal quando um grupo de manifestantes passou correndo por eles, fugindo de um cerco policial. Os jornalistas filmavam a situação quando a polícia chegou e obrigou-os a parar a filmagem, ajoelhar-se e colocar as mãos atrás da cabeça para serem revistados, mesmo após se identificarem como jornalistas. O celular foi tomado e a revista interrompida apenas quando outro jornalista chegou e confirmou que ambos trabalhavam no jornal.

Juliano Vieira, da TV Drone, registrava imagens do final do protesto atrás da linha da PM quando o batalhão de choque se posicionou ainda mais atrás e começou a atirar bombas. Juliano tentou sair do local pelas ruas laterais da Praça da República, mas uma bomba caiu perto dele e queimou sua calça e uma de suas pernas. No momento da apuração desta nota (22.Jan.2016), Juliano estava internado e a previsão era de mais dois dias de hospital, já que as queimaduras foram de segundo grau.

Leonardo Benassatto, fotógrafo da FuturaPress, estava próximo da linha da PM junto com os manifestantes, quando os policiais dispararam um jato de spray de pimenta em seu rosto. Não bastasse, foi alvo de três bombas atiradas pelos agentes na lateral da Praça da República. Estilhaços feriram uma de suas pernas superficialmente. Ele estava junto de outra fotógrafa, Gabriela Biló, do Estadão, e há registros em vídeo de sua tentativa de se esquivar dos explosivos.

Gabriela Biló, fotógrafa do Estadão, estava na lateral do protesto, próxima a Leonardo Benassatto. Foi atingida por jatos de spray de pimenta no rosto e por golpes de cassetete nas costas. Também foi ferida nas pernas e na cabeça.

Warley Leite, fotógrafo da Agência Brazil Photo Press, relata que um policial direcionou o spray de pimenta contra seu rosto durante o impasse entre manifestantes e polícia sobre a continuidade do protesto. Seguia com dores de cabeça e com a visão embaçada um dia após a manifestação.

A Abraji orienta os repórteres agredidos ou assediados a registrarem boletins de ocorrência.

Fonte: ABRAJI