segunda-feira, 4 de abril de 2016

Como o formato GIF está dominando o mundo

abril 04, 2016 | por Adriana Prado

"O formato GIF contém a passagem do tempo de um filme, mas também o momento decisivo de uma foto"

"Tapered Throne", um projeto baseado em GIF de barbeiros negros em Oakland (Brandon Tauszik/Time)

A história do GIF é conturbada. Esse formato de imagem, que significa Graphics Interchange Format, sempre rivalizou com o JPEG — era incapaz de lidar com as cores tão bem quanto sua contraparte, apesar da sua capacidade de suportar animação. Por cerca de 30 anos, viveu à margem da fotografia, sendo levado a sério apenas no contexto das discussões acerca da sua pronúncia. (A resposta oficial: jif, como a marca de manteiga de amendoim).

Atualmente, entretanto, o futuro parece cor-de-rosa para o GIF. Nos últimos meses, algumas das maiores e mais influentes empresas de tecnologia adotaram o formato de imagem como um modo de preencher a lacuna entre fotografia e vídeo. Para a Apple, essas imagens animadas são chamadas de Live Photos; no Instagram, são chamadas de Boomerang. Independentemente do nome, essas animações expandem o potencial de contar histórias. Para Alex Chung, o cofundador da Giphy, uma biblioteca de GIFs avaliada em mais de $300 milhões, os curtos vídeos em loop oferecem histórias mais profundas do que fotos.

Um exemplo do poder do GIF citado por Chung é a imagem de Hillary Clinton espanando o ombro durante o ‘caso Benghazi’ no Capitol Hill em outubro de 2015. A expressão de enfado, o suspiro contido, o gesto de repúdio — juntos, são suficientes para mostrar como soaram para a Ex-secretária de Estado as onze horas de interrogatório e como ela lidou com a situação. Uma foto do mesmo momento, entretanto, provavelmente não teria um significado tão claro.

Na fotografia, a maioria dos profissionais ainda precisa aceitar o formato — mas isso pode estar mudando. Por exemplo, o fotógrafo de Oakland Brandon Tauszik usou GIFs para documentar os barbeiros negros de sua cidade em um projeto chamado Tapered Throne. “O GIF contém a passagem do tempo de um filme,” diz ele, “mas também o momento decisivo de uma foto — e tudo em um loop infinito.”

“A arte do GIF é subestimada,” diz Chung. “É como a fotografia: capturar uma foto é fácil, porém capturar uma boa foto é difícil. Chung acredita que logo os fotógrafos descobrirão as vantagens dos GIFs — especialmente se a Giphy tiver algo a dizer sobre isso. Em 14 de março, a empresa anunciou a abertura de um estúdio de produção de GIF em Los Angeles sob a direção criativa do reverenciado animador Nick Weidenfeld. O estúdio empregará até 500 artistas para oferecer GIFs de ponta com alta qualidade e suporte para uma comunidade mais ampla.

E isso é só o começo. Russell Armand, o cofundador da plataforma de imagem animada Phhhoto, antevê uma revolução na maneira como as imagens serão usadas num futuro próximo. “Fotos podem fazer coisas que fotos supostamente não fariam e, em breve, a transmissão de mensagens ocorrerá dentro das fotos em si.” Esse futuro interativo para a fotografia ainda não é uma realidade, mas GIFs talvez sejam os precursores do que está por vir.

“Não se trata apenas de olhar para uma bela foto,” diz ele, “trata-se, na verdade, de mergulhar nela e vivenciar algo bem mais profundo do que o que você pode ver apenas.”

Fonte: Time