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Reprodução |
As respostas à foto com a mulher branca foram a de que ela seria uma "designer de moda" ou "compradora", enquando à imagem com a mulher negra, "vendedora" ou "costureira".
Esse vídeo me lembrou bastante uma história particular que vivenciei enquanto trabalhava como fotógrafo e programador visual em uma agência de comunicação de Belo Horizonte, há pouco mais de um ano. Recebi o briefing para a criação de um anuncio de uma academia. Como não existia orçamento para a realização de fotos no local, acabei recorrendo a um banco de imagens. Escolhi a foto de uma moça em uma bicicleta ergométrica. Feita a diagramação, repassei a arte para o editor. Pouco tempo depois ele retornou meu email informando que eu deveria procurar outra fotografia. Questionei o porque da reprovação. Ele me respondeu dizendo que o cliente poderia não gostar de uma modelo negra e que por esse motivo, preferia evitar qualquer problema.
Um dos grandes desafios ao trabalhar com banco de imagens é encontrar uma foto que realmente represente o público brasileiro. A maior parte da sua oferta é produzida para um mercado europeu e encontramos poucas imagens que representem negros ou pardos. Felizmente, esse quadro tem mudado em relação a produção de imagens, porém, falta ainda mudar o pensamento de alguns profissionais responsáveis pelas campanhas que vemos no dia a dia. Segundo o IBGE, os negros (e pardos) representam 53,6% da população brasileira, mas ao vermos um anúncio, percebemos que essa representação é completamente diferente, com a ausência de personagens negros ou sendo sempre uma minoria.
Vivemos hoje na era da imagem. Os meios de comunicação funcionam como elo entre uma pessoa e outra. Nesse sentido, a fotografia digital ganha um grande poder no papel de formar e transformar a percepção que as pessoas têm do mundo. A fim de debater sobre a falta de representatividade dos negros no universo artístico e a importância dessa mídia na formação de uma sociedade que saiba respeitar e entender a diversidade em que vivemos, a dupla de atores Noemia Oliveira e Orlando Caldeira criou uma série fotográfica intitulada "Identidade", que apresenta pessoas negras interpretando personagens como Mulher Maravilha, Marilyn Monroe e Super Homem. "Deveria ser normal um ator negro fazer qualquer personagem", diz Noemia.
Muita gente não percebe, mas o Racismo Institucional se manifesta através de práticas e comportamentos discriminatórios que fazem com que muitas pessoa sejam privadas de oportunidades profissionais, culturais e sociais diariamente. Segundo informações divulgadas no vídeo do Governo do Paraná, 82,6% dos negros afirmam que a cor da pele influencia na vida profissional. Os negros ganham 37% a menos que os brancos e ocupam apenas 18% dos cargos de liderança. Além do vídeo, a campanha conta com um site (www.contraracismo.pr.gov.br) que traz mais informações e dados sobre o racismo institucional.
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