quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O cotidiano da capital cubana pelas lentes de Jo Fischer

setembro 07, 2017 | por Gabriela Brina


Viajando de Berlim a Havana, Jo Fischer planejava fotografar a cena gay e transexual da área, mas as fotos que ele tirou durante o seu tempo acabaram sendo uma melancólica ode para a vida cotidiana dos cidadãos cubanos. Atraído pela romântica ideia de uma ilha que tinha caído em um longo e profundo sono, o fotógrafo alemão, apesar de ter tido seu passaporte confiscado e sido interrogado no aeroporto por quase uma hora, afirma ter tido uma experiência bastante receptiva.

Começando seu trabalho focado na comunidade gay e trans do país, Fischer diz que embora não seja realmente proibida em Cuba, essas pessoas sofrem muito nas mãos do governo. Durante seu tempo na região, o fotógrafo conta ter tido acesso a um homem e a um clube que possibilitou o contato com vários transexuais, onde foi recebido com muitos interessados em seu trabalho, porém sempre em casas particulares. "Gosto de fazer muitas perguntas e a maioria das pessoas responderam minhas perguntas seriamente, porém apenas quando eles estavam certos de que ninguém mais estava ouvindo", conta Fischer.

Ao longo de sua estadia na cidade, cercado por várias construções e um centro cheio de hotéis de luxo que nenhuma pessoa normal poderia pagar, o fotógrafo teve sua atenção ampliada, e consequentemente, novas direções para o seu projeto. Inspirado pelo contraste entre uma animada Havana cheia pessoas interessadas e as áreas extremamente degradadas onde se encontrava grande parte dos locais, Fischer deu então início à uma série de fotos que ia muito além do que fora planejado inicialmente, fotografando e entrevistando uma gama de moradores ainda maior. "Eu sou muito silencioso e muitas vezes o subproduto se torna o foco principal. A ideia de fato com a qual eu começo se torna cada vez menos meu foco", diz ele.

Com toques melancólicos em muitas de suas imagens, o fotógrafo afirma que esse resultado tenha sido muito provavelmente devido ao fato de ser uma pessoa naturalmente reflexiva e por sempre ao entrar em novas situações ter muito cuidado para não destruí-las. Jo Fischer ainda conta que prefere capturar o momento assim como ocorre, dando espaço à espontaneidade e à novas possibilidades em seus projetos.

"Como fotógrafo, você pode aprender muito enquanto viaja e invoca essas experiências ao trabalhar em determinados projetos. Especialmente na América Central e do Sul, existe um amplo espectro de diversidade cultural, que não pode ser encontrado em nenhum outro lugar. Ainda há muito para fotografar, da Baja Califórnia até a Terra do Fogo. Uma coisa que eu diria a cada fotógrafo de viagem é não ter medo dos terríveis relatórios que você ouve na mídia. Se você se afastar de certas áreas e ficar com os conselhos dos habitantes locais, viajar para longe das cidades turísticas típicas pode realmente mudar a vida."












Fonte: The Leica Camera Blog