quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Bons motivos para colecionar fotolivros

setembro 03, 2020 | por Adriana Vianna

O consumo digital de fotografias que hoje predomina não deve substituir a apreciação da fotografia impressa. Ver as gravuras originais em exposições deve ser insubstituível e a materialidade do livro fornece uma experiência totalmente distinta da experiência virtual.

Foto: Ansel Adams. New Church, Taos Pueblo, New Mexico. 1929. Acervo do MoMa.

Livros de fotografia são definidos como livros em que a mensagem é transmitida principalmente por fotos, são entradas mais práticas no trabalho de um fotógrafo; os livros são objetos físicos de beleza, com valores de produção superiores como os materiais, o design e a impressão. A sequência, o layout, a combinação de imagens e texto adicionam camadas de significado e complexidade além das fotografias. Até os livros de registro de obras de arte podem chegar ao nível de obras de arte, mas, ao contrário da arte no museu ou na galeria, essa é uma obra de arte que você pode segurar nas mãos.

Existem muitas abordagens para colecionar livros de fotografia, desde colecionar com base exclusivamente no gosto pessoal a colecionar com base na raridade da obra buscando as primeiras edições em excelentes condições. A questão é ver os livros de fotografia como um suporte para descobrir mais sobre fotografia e aprofundar o conhecimento de seus artistas significativos. Não há como negar que o aspecto comercial do hobby pode ser divertido e educativo, pois também mobiliza o conhecimento ao fazer a pesquisa, orçamentar e priorizar as aquisições. A comercialização, porém, é incerta e há indícios de que o mercado de livros está mais fraco do que costumava ser. Ao contrário dos livreiros que buscam a apreciação do valor, os colecionadores geralmente não procuram comercializá-lo. Como em todas as coleções, o processo pode ser mais satisfatório na aquisição do que no investimento para comercialização a posteriori.

Alguns livros podem rapidamente se tornar mais valiosos do que seu preço de tabela. Atualmente há quem faça mais investimentos em livros do que em equipamento fotográfico e a melhor definição de um colecionador é: o usado vale mais do que novo. Levando em conta alguns fatores que tornam qualquer objeto colecionável como a escassez e a demanda. Devido à necessidade de reproduções de qualidade, os livros de fotos custam muito mais para a impressão do que outros livros e, portanto, são mais caros. Preços mais altos resultam em uma demanda geralmente muito pequena para justificar uma grande tiragem. Com exceção de alguns livros populares de mesa de centro, geralmente uma tiragem de milhares de cópias é considerada grande para um livro de fotografia. Ao mesmo tempo, embora pequena, a demanda frequentemente permanece estável. Uma vez ou outra, as cópias tornam-se escassas e valiosas.

The Decisive Moment de Henri Cartier-Bresson editado por Steidl Velarg de 1952 e a recente edição. Nesse caso, o valor da primeira edição não caiu, as cópias antigas em excelentes condições continuam a indicar preços elevados. (£500 e £270). Imagem Biblio.com

Para analisar o percurso dos colecionáveis ​​é importante observar as fases da publicação: 

1º - O livro é vendido próximo ao preço de tabela no lançamento, já que a novidade é um importante argumento de venda. 

2º - Assim que a novidade se esgota, aparecem os grandes descontos (50% é comum) que os tornam mais acessíveis. Nessa fase o livro sai da lista inicial para a lista final; nos catálogos ele já não é totalmente descrito, mas apenas listado. 

3º - As cópias estão quase todas esgotadas nas grandes livrarias. Nessa fase, eles estão disponíveis apenas em livrarias independentes ou por meio de vendedores terceirizados. 

4º - Esse livro torna-se colecionável, novas cópias serão oferecidas para aumentar o preço de tabela original, e as cópias usadas aparecerão em excelentes condições. Comprar no 1º estágio garante que você obtenha uma cópia pelo preço de tabela, mas, nesse ponto, é possível que o preço diminua e o livro não se torne colecionável. Um livro que entra no 3º estágio provavelmente alcançará o 4ª estágio, portanto, para os colecionadores que se concentram no aspecto “colecionável”, esse pode ser o momento mais seguro para comprar. 

Se a essa altura você ainda estiver em cima do muro e decidir não comprar, mais tarde pode descobrir que deseja o título e pode ser que ele não seja mais acessível. 

Outros livros nunca saem do 2º estágio e seu preço continuará caindo, pois não haverá demanda.

Os Portfólios de Ansel Adams podem desapontar com a qualidade de impressão em comparação com a versão moderna. Parece que houve uma grande mudança de qualidade entre a 1ª edição (1977) e a segunda edição (1982). Imagem Biblio.com

Há muitos aspectos para considerar na compra dos colecionáveis: 

1. Autoria

De um modo geral, os livros que são uma compilação de imagens de vários fotógrafos, carecem de voz autoral e, portanto, raramente são considerados obras de arte. 

2. Significado, o apelo do artista e da obra

Trabalhos de artistas sem reconhecimento mundial ou não exibidos em museus e galerias, ou não revisados em publicações importantes, têm menos probabilidade de se tornarem colecionáveis e o mesmo princípio se aplica a seus livros. Mas, uma obra rejeitada poderá se tornar desejada, como foi o caso "The Americans" de Robert Frank, entre outros. 

3. Qualidade de impressão

Os livros mais novos proporcionam mais prazer, embora possam não ser tão valiosos quanto os livros mais antigos e raros. 

4. Produções elaboradas

Entre os de capa dura e capa mole, o primeiro é sempre preferível. Mas, há outros modos que podem incluir materiais especiais como caixas, estojos elaborados, páginas dobráveis e outros tipos não convencionais de encadernação. 

5. Tamanho da tiragem

Quanto menor a tiragem, mais valioso é o livro. Os livros de mesa destinados ao público em geral costumam ter tiragens grandes acima de 10.000. Por outro lado, quanto menor a tiragem, maiores os custos de produção por unidade e, portanto, maior o preço de varejo. 

6. Primeiras edições

As edições referem-se a um livro que está sendo reeditado com atualizações substanciais, uma apresentação diferente, como capa mole vs. capa dura, ou uma editora diferente. As edições são frequentemente mencionadas como parte do título. 

7. Cópias assinadas

Há um ditado que diz que a diferença entre um pôster e uma impressão artística é a assinatura do artista. Não é totalmente verdade, porque o processo de impressão é muito importante. Ainda assim, a assinatura de um artista ajuda a conferir a um livro o status de um objeto de arte. Algumas assinaturas são mais raras do que outras, e isso varia de livro para livro.

Com a experiência, você poderá localizar bons livros, bem feitos, e com obras inspiradas em qualquer gênero, colecionáveis ou não. No entanto, se você se limitar apenas aos seus interesses atuais, pode estar perdendo muito do vasto mundo da fotografia. Existem tantos livros de fotografia por aí que saber por onde começar pode ser assustador. Qualquer pessoa que estuda literatura lê uma lista de clássicos. A fotografia também tem seus clássicos, representando um consenso de curadores e críticos. Esse pode ser um bom começo.

Fonte de pesquisa: Biblio.com