terça-feira, 18 de maio de 2021

Fernanda Chemale participa da mostra “Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes”

maio 18, 2021 | por Thais Andressa

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

“A poesia de Murilo me foi sempre mestra, pela plasticidade e novidade da imagem. Sobretudo foi ela quem me ensinou a dar precedência à imagem sobre a mensagem, ao plástico sobre o discursivo”, palavras de João Cabral de Melo Neto. O Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, recebe a mostra “Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes”, do projeto Acesso Arte Contemporânea, e que conta com a participação de 57 artistas das cidades do Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Porto Alegre e Lisboa. Uma delas, é a fotógrafa Fernanda Chemale, que se destaca em importantes festivais no Brasil e no exterior, sendo uma referência acerca do protagonismo feminino na fotografia brasileira. Os artistas, que fizeram um mergulho na obra do poeta mineiro Murilo Mendes (1901-1975), selecionaram um poema/verso para expressar, por meio de uma construção poética pessoal, o pensamento muriliano na narrativa imagética. “Murilo Mendes inspira em sua poesia uma energia cotidiana. É capaz de ver no simples a beleza de uma realidade comum. Traz para a sua criação uma poética repleta de filosofia em busca do todo”, relata Chemale.

A curadoria da mostra é de Marilou Winograd, Gilda Santiago e Aline Toledo. Além da fotografia, a exposição é composta por pinturas, desenhos, gravuras, colagens, esculturas, objetos, vídeos e performances. A visitação poderá ser feita até 20 de junho de 2021, de terça-feira a domingo, das 12h às 19h. Lembrando que a visitação tem controle de acesso e segue os protocolos sanitários, como obrigatoriedade do uso de máscaras e álcool em gel.

Diário de Memórias, Fernanda Chemale

Evidenciando a relação entre a poesia e as artes visuais, os trabalhos se entrelaçam e tomam forma. Fernanda Chemale apresenta a série “Diário de Memórias”, uma homenagem às grandes artistas e musas Rochelle Costi e Zoravia Bettiol. De acordo com a fotógrafa, o trabalho reúne uma coleção de imagens cotidianas. “São imagens relacionadas à intimidade, as relações que estabeleço comigo e com o outro, tomando consciência de realidades físicas, emocionais e afetivas, dividindo com o espectador o saber da gênese da imagem”.

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

Fernanda Chemale é fotógrafa independente e artista visual. Trabalha fotografia e memória desenvolvendo projetos na vertente autoral e documental. Graduada em Comunicação Social pela FAMECOS-PUC, é autora dos livros Tempo de Rock e Luz, ElefanteCidadeSerpente, Desordem. Faz exposições regularmente tendo mostrado suas fotos nas principais capitais do Brasil e no exterior. Participou de Festivais de Fotografia como FotoRio, Fotoseptiembre USA-SAFOTO, Estados Unidos, Fotograma no Uruguai, FestFotoPOA, Canela Foto Workshops, Foto em Pauta Tiradentes, Festival Paraty em Foco, Pequeno Encontro da Fotografia, Festival de Fotografia do Sertão, Solar FotoFestival, Transatlântica PhotoEspaña, Encontros da Imagem em Portugal e Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo. Vive e trabalha em Porto Alegre.

Segue abaixo, o poema de Murilo Mendes escolhido por Chemale e que acompanha sua série na exposição:

Pós-poema

O anteontem - não do tempo mas de mim - 
Sorri sem jeito 
E fica nos arredores do que vai acontecer

Como menino que pela primeira vez põe calça comprida.
Não se trata de ilusão, queixa ou lamento,
Trata-se de substituir o lado pelo centro. 
O que é da pedra também pode ser do ar

O que é da caveira pertence ao corpo: 
Não se trata de ser ou não ser, 
Trata-se de ser e não ser

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias