“Before Easter After” é um belo fotolivro que documenta um período crucial na vida de Patti Smith, com fotografias de Lynn Goldsmith
Em 1977, Patti Smith caiu de um palco em Tampa, Flórida, enquanto se apresentava com o The Patti Smith Group. A banda estava fazendo a turnê do seu álbum Radio Ethiopia, e a fotógrafa Lynn Goldsmith, uma amiga de longa data de Smith, estava viajando com eles para shows nos Estados Unidos. “Como fotojornalista, cobri coisas que eram difíceis de continuar fotografando, quando puxava os cordões do coração”, lembra Goldsmith, em entrevista para a revista AnOther. “Eu a vi se aproximando da beira do palco, mas achei que ela sabia o que estava fazendo porque ela sempre fazia esse dervixe naquela música, onde girava, girava e girava. Eu estava desconfortável e até estou me lembrando dessa sensação.” Goldsmith capturou esse momento crucial - em que Smith quebrou o pescoço - e suas repercussões, e as fotos comoventes aparecem no livro “Before Easter After”.
A palavra “Easter” (Páscoa, em inglês) no título do livro de edição limitada é o nome do terceiro álbum do The Patti Smith Group, o mais conhecido e distribuído, produzido em 1978 após a queda da cantora no palco. “Before Easter After” é um mergulho profundo neste período específico da vida de Smith, por meio de fotos tiradas por Goldsmith no estúdio e em shows e as próprias letras e palavras de Smith. “Não me lembro mais de como nos conhecemos, nem da gênese de nossas primeiras fotografias”, escreve Smith nas páginas de abertura do livro. “Percorremos o caminho do rock‘n’roll, saboreando sua arrogância, mas evitando as armadilhas. [Lynn] testemunhou noites formativas em CBGBs, ganhando terreno em toda a América, meu acidente em uma arena de Tampa e as lutas para me levantar novamente.” Goldsmith lembra que, após a queda e após a reabilitação física, Smith “se apresentava nos CBGBs com o colar cervical - isso costumava me deixar meio nervosa, porque ela não deveria torcer a cabeça e tudo mais. Ela era apenas uma rebelde, e não posso culpá-la por arrancar aquele colar cervical”.
O livro também é uma prova da grande amizade ainda compartilhada por Smith e Goldsmith. “Muitos fotógrafos que fotografaram Patti são artistas maravilhosos e, ao contrário de mim, eles não faziam documentários, bem como concertos e também trabalho de estúdio com ela”, Goldsmith, cuja carreira abrange retratos, concertos fotográficos, filme e gravação de música, explica. “Isso permitiu que Patti e eu tivéssemos uma narrativa no livro que pudéssemos compartilhar com as pessoas sobre o que estava acontecendo naquela época.”
As fotografias ocupam o centro do palco, lindamente acompanhadas pelas letras e palavras de Smith. As próprias anotações de Goldsmith - cheias de detalhes breves e requintados sobre as roupas que Smith usaria ("capa de chuva de loja de roupas usadas", "camisola de seda do avesso") ou fotos particulares - são publicadas ao lado das miniaturas das imagens nas páginas finais do livro. O efeito geral é cativante: um olhar sem precedentes para os muitos lados de Patti Smith durante esses lendários anos de Nova York. Como Smith escreve no Instagram, é “o trabalho de duas meninas, lutando pelo bom combate”. “Queríamos que o livro fosse um objeto sagrado - sagrado para as pessoas que realmente amam Patti”, diz Goldsmith.
“Before Easter After” abre com um poema sobre Smith escrito pelo falecido Sam Shepard. “Algum pedaço de magia relampejante”, ele continua, “acabou de passar por cima do celeiro queimado.” Goldsmith pediu a Shepard, sem o conhecimento de Smith, para escrever algo em resposta a uma fotografia que ela havia tirado de Smith em 1977, que aparece na capa do livro. “Patti não sabia quando eu fiz isso, porque pensei que seria uma boa surpresa para ela”, explica Goldsmith. "Eu realmente senti que Sam a pegou de uma maneira que talvez eu não seja profundo o suficiente para. A conexão que eles tinham e a capacidade de Sam de verbalizar poeticamente isso, eu senti que soaria verdadeiro para outras pessoas. " Para encerrar, em uma das últimas páginas do livro, está uma fotografia que Goldsmith não tirou, das duas mulheres, de Michael Putland. Smith está brincando, apontando uma câmera - provavelmente pertencente a seu amigo - para Goldsmith. “Oh, é bom ter isso aí - quando as pessoas me perguntam qual é a minha imagem favorita no livro, é isso, porque eu nunca vou ficar assim de novo!” Goldsmith ri. “Eu realmente não pensei sobre aquela imagem até que estávamos fazendo o livro. Quando eu mostrei para Patti, ela disse: 'Oh meu Deus, se nós soubéssemos'. ”
Fontes: AnOther e Taschen
