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Inspirado na fotografia de Herb Ritts |
Leonard Nimoy ficou famoso por interpretar o inesquecível personagem Spock em “Star Trek”. Meio humano e meio vulcano, Spock contornava as emoções e sentimentos originários de sua parte humana com o raciocínio lógico herdado da origem vulcana. O homem por trás do personagem, entre outras tantas atividades, foi um excelente fotógrafo no gênero de nu artístico, contornando padrões de beleza com sensibilidade e espirituosidade - quase o verso de seu personagem - em Nimoy, os sentimentos humanos é que contornam a lógica da modernidade, que busca enquadrar os corpos femininos em rótulos mais fáceis de ler.
No ano de 2002, Nimoy lançou um livro intitulado “Shekhina”, com fotografias femininas. A palavra é um termo do Talmude e vem do hebraico para ressignificar as manifestações visíveis e audíveis da presença da Deidade na Terra. Com o tempo “Shekhina” passou a representar muito mais - uma contraparte mais suave e empática de Deus, que podia argumentar pelo bem da humanidade, confortar os pobres, doentes, e ser a Mãe de Israel. Essa memória cultural, herdada da família na infância, emergiu nessa série mitológica e provocativa. Se por um lado Nimoy queria explorar algum aspecto feminino de Deus na forma humana da mulher, incluiu no verso questões da sensualidade e sexualidade em cenas sedutoras como essência da manifestação divina - o que causou um alvoroço entre seus fãs conservadores e revolucionários. A questão é que, para Nimoy, a sexualidade e espiritualidade não são segregadas e isso se mostra visível na fascinação pelo corpo feminino como elemento de tentação e de transcendência que podem remeter à sublimação do desejo sexual em aspiração espiritual.


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No ano de 2010, Nimoy lançou o livro “The Full Body Project”, com modelos femininos que subvertem o perfil do padrão de beleza vigente no mundo da moda. A proposição do artista foi colocar em questão o que é belo ou quando é belo. As mulheres que ele exibe nessa série fotográfica fazem parte de um grupo teatral que se apresenta em cenas burlescas, “Fat Bottom Revue”. A natureza, o grau de figurino e a nudez em suas apresentações são determinados pelo local e pelo público, que pode variar de festas de aniversário de crianças a despedidas de solteiro. Com esse grupo projetando a própria imagem numa autoestima forte e contracultura, ambos trabalhos, o delas e o dele, fazem demonstração sobre a beleza e a sexualidade a partir de um ponto de vista espirituoso - ou seja, há sensualidade também no bom humor de uma mulher.
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Inspirado na pintura “As Três Graças”, de Raphael Sanzio |
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Inspirado na fotografia “Elles arrivent”, de Helmut Newton |
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Inspirado na pintura “A Dança”, de Henri Matisse |
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Inspirado na pintura “Nu Descendo a Escada”, de Marcel Duchamp |