
O Centro Cultural UFSJ está localizado em São João del-Rei (MG), e movimenta o setor artístico e cultural da região. Porém, permanece fechado desde março de 2020, devido à pandemia. Visando publicar o trabalho dos artistas que foram selecionados no último edital, a decisão foi de realizar as exposições de forma online, no Instagram da instituição. A primeira mostra é “Tempo e silêncio”, de autoria do fotógrafo Giordano Toldo.
A perenidade do corpo diante da durabilidade da ruína; a maleabilidade contrapondo-se à resistência. A fotografia é registro e ao mesmo tempo dispositivo dessa performance, assistindo e posicionando a personagem. A técnica fotográfica reforça os tons de cinza, de preto e de branco; de luz e de sombra, de foco e de desfoque, auxiliada pela pesada neblina. “Neste ensaio, busquei contrastar o corpo jovem e flexível com a ruína da construção civil, abandonada e esquecida entre duas cidades do interior do Rio Grande do Sul. Sob a névoa é difícil decidir entre a sutileza e a dureza, entre a delicadeza e a força", declara o fotógrafo.

De acordo com o artista, o dançar do personagem questiona o poder da ruína, ela está esquecida ou viva em algum canto de nossa memória coletiva? Os espaços antigamente vistosos e que hoje indicam um passado no presente, podem fazer parte das cidades contemporâneas? Uma das virtudes da fotografia é o silêncio. Esse deslocamento é permitido por esta técnica, dando um quê de abstrato em qualquer rastro de realidade. As ruínas também trazem consigo essa habilidade. O que há para escutar quando o passado tenta falar? "Através desse ensaio, quis também pensar nas possibilidades das ruínas na contemporaneidade: ocupar um lugar de abandono é também prática artística, que dá importância para o passado, enquanto arquitetura, construção e história". A mostra completa pode ser conferida no Instagram do Centro Cultural.

Sobre o artista
Giordano Toldo é nascido em Porto Alegre, onde se formou em Cinema. Mestre em Artes Visuais, com trabalhos expostos na Casa de Cultura Mário Quintana e no MARGS, sua poética como fotógrafo parte do cenário urbano em busca de imagens geométricas. São paisagens que vão do concreto ao litoral, do preto-e-branco ao colorido. A fotografia é uma parceira de viagem, uma metáfora produtiva que liga a memória à estética.
Informações: Assessoria Centro Cultural UFSJ