quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Pioneiras: Três Mulheres Magnum em Exposição Histórica

agosto 05, 2021 | por Adriana Vianna

Garota em um bar de bordel no distrito da luz vermelha. Havana, Cuba. 1954
© Eve Arnold | Magnum Photos

Eve Arnold (Filadélfia, Estados Unidos, 1912 - Londres, Reino Unido, 2012) foi a primeira mulher a entrar na agência Magnum em 1951, aos 39 anos de idade, tornou-se membro efetivo em 1957, dedicando-se à documentação do universo e da vida feminina; Inge Morath (Graz, Áustria, 1923 - Nova York, Estados Unidos, 2002), não quis entrar em 1953, mas obteve afiliação plena em 1955, ela se inspirava no momento decisivo, na espontaneidade e na observação perspicaz e caprichosa; Cristina García Rodero ingressou em 2005 e se tornou membro efetivo em 2009 com trabalhos excepcionais sobre a cultura na Espanha.

A exposição “Três Mulheres Magnum”, em cartaz no Centro Niemeyer, Avilés, Espanha, é uma homenagem a essas fotógrafas cujas práticas individuais lhes deram notoriedade de excelência na narrativa fotográfica e transcendem as noções preconcebidas de uma profissão dominada pelos homens. Elas romperam os limites e os clichês da profissão de fotógrafa, além de confirmarem que as mulheres sabem ler o mundo, representam a realidade e os sonhos da vida de outras mulheres profissionais da área. Abrindo o caminho para todas que vieram depois, com olhar próprio, mostraram uma forma diferente e singular de fotografar. São três mulheres muito especiais, como mostram as suas imagens, reflexos da sua sensibilidade.

Festival San Firmin. Desfile com “Cabezudos”. Navarre. Pamplona. Espanha. 1954
© Inge Morath | Magnum Photos

Marilyn Monroe, Eli Wallach e Clark Gable, ensaiando a cena de dança entre Roslyn e Guido. Reno, Nevada, EUA. 1960. © Inge Morath © A Fundação Inge Morath | Magnum Photos

Hoje a agência Magnum tem 99 fotógrafos representados, dos quais apenas 17 são mulheres. Nem todas são membros plenos, algumas são nomeadas, convidadas e outras categorias. Apenas 11 mulheres são membros efetivos. Para a Curadora Rosa Olivares cada mulher é muito importante. A revolução feminina ainda não é coisa grande, avalia, tendo em vista que entre 99 fotógrafos só existam 17 mulheres. Para ela, os membros magnum ainda são limitados.

Sem Título. (da Mask Series com Saul Steinberg), EUA. 1962
Uma série mais modernista. © The Inge Morath Estate / Magnum Photos

Entre o céu e a terra. Lumbier. Espanha. 1980.
© Cristina Garcia Rodero | Magnum Photos

Cristina é única que está viva. Antes de se dedicar à fotografia, estudou pintura na Escola de Belas Artes da Universidade de Madrid. Ela foi professora e trabalhou em tempo integral na educação. Nos 16 anos seguintes, se dedicou a pesquisar e fotografar festas populares e tradicionais - religiosas e pagãs - principalmente na Espanha, mas também em toda a Europa mediterrânea. Este projeto culminou com o seu livro España Oculta publicado em 1989, que ganhou o prêmio “Livro do Ano” no Festival de Fotografia de Arles.

“Quero falar sobre o ser humano, as dualidades e contradições da vida, as velhas tradições e os novos rituais, o natural e o sobrenatural, o religioso e o pagão, a dor e o prazer, os humanos e os deuses, o espírito e o corpo, a água e a terra , vida e morte." - Cristina Garcia Rodero.

No vídeo, a seguir, podemos ouvi-la fazer suas reflexões sobre ser uma pessoa que se apaixonou pela fotografia porque lhe possibilitou ir aos lugares e compreender o sentido das coisas, conhecer pessoas que, em outras circunstâncias, poderiam ser ela mesma. Em outras palavras, Cristina deixa transparecer sua experiência no sentido de que estava sempre disposta a se colocar no lugar do outro para fotografá-lo com essência e paixão.


“Tentei fotografar a alma misteriosa, verdadeira e mágica da popular Espanha em toda a sua paixão, amor, humor, ternura, raiva, dor, em toda a sua verdade; e os momentos mais completos e intensos da vida dessas personagens, como simples como irresistíveis, com toda a sua força interior" - Cristina Garcia Rodero.

Magnum é a primeira agência de fotografia de imprensa e documentação criada pelos próprios fotógrafos. Foi criada em 1947 por Robert Capa, Henri Cartier-Bresson, George Rodger e David “Chim” Seymour. Cada um contribuiu com 400 dólares, sendo assim uma das primeiras cooperativas de fotógrafos. Pela primeira vez, os fotógrafos controlariam os direitos de suas imagens e, ao mesmo tempo, teriam mais liberdade para escolher seus temas e formas de representá-los. Por isso, pertencer à Magnum é um dos reconhecimentos mais importantes para os fotógrafos da atualidade. Aguardamos o dia em que muitas mulheres serão protagonistas nessa agência tão prestigiada.

A exposição fica em cartaz até 30 de janeiro de 2022 no Centro Niemeyer.