
Curiosas e aterrorizantes, as fotomontagens de Marco Sanges parecem saídas diretamente de um filme de terror de uma época em que o cinema colorido era apenas um sonho. De uma composição a outra, o “contador de histórias” constrói uma trama tão sombria quanto fascinante.
Na série “Wunderkamera”, corpos vaporosos aparecem, como fantasmas ou entidades estranhas, e se misturam em cenários teatrais. “Os meus trabalhos revelam os diferentes estados de consciência das personagens e exploram as dualidades entre conteúdo e ausência, espaço e superfície, criando assim uma cena a partir de um mundo imaginário”, explica o fotógrafo que descobriu o meio desde muito jovem em laboratório de seu tio.
O preto e branco utilizado pelo autor chama a nossa atenção e nos mergulha nessa fábula misteriosa e vertiginosa. “Desde criança sou fascinado por filmes em preto e branco. Adoro o romantismo, os contrastes e o lado atemporal e narrativo dessa colorimetria. Depois, cresci com o surrealismo e o cinema. O neorrealismo italiano estava acontecendo na minha porta, em Roma. Cineastas como Rossellini, Fellini e Visconti moldaram minha formação ”, lembra Marco Sanges.
Inspirada no livro “Une semaine de bonté” de Max Ernst, oferecido ao artista há vários anos, a série de colagens revela o fantástico mundo da fotomontagem num registo experimental com uma pitada de surrealismo, uma pitada de pesadelo e um toque de magia.







Fonte: Fisheye Magazine