quarta-feira, 24 de abril de 2024

Festival de Fotografia de São Paulo

abril 24, 2024 | por Resumo Fotográfico


A fotografia “Minhocão”, de Nair Benedicto, 1990, faz parte da Mostra SP em 3 Tempos, Galeria do Senac Lapa Scipião

Neste fim de semana, 27 e 28 de abril, a Unibes Cultural recebe a primeira edição do Festival de Fotografia de São Paulo (FFSP). A inauguração do evento contará com uma série de atividades e mais de 30 exposições distribuídas pelos quatro cantos da cidade. Autores renomados como Claudia Andujar no Itaú Cultural, Jorge Bodanzky no IMS, Cristiano Mascaro, Nair Benedicto e Cassio Vasconcellos no SENAC estão entre as atrações da programação.

As atividades inaugurais do FFSP contemplam a 8ª edição da Feira da Fotografia com mais de 25 expositores, lançamentos de fotolivros acompanhados de conversas e palestras com cerca de 40 autores presentes, projeções fotográficas e quatro exposições, uma delas, “Cidades (in)visíveis”, com imagens feita por pessoas deficientes visuais, que propõe uma discussão conceitual e política que nos faz refletir e repensar o conceito de cegueira.

“Várias capitais importantes como Londres, Nova York, Paris e Madrid já têm seu festival de fotografia e o de São Paulo já nasce com números superlativos, transformando-se na Capital Mundial da Fotografia durante seu período de duração, respectivamente os meses de abril e maio, pela quantidade de exposições e incontestável qualidade de conteúdo. Nenhuma outra cidade terá tantas exposições neste período, serão mais de 30 mostras fotográficas”, diz o organizador João Kulcsár.

SERVIÇO
Festival de Fotografia de São Paulo (FFSP)
Data: 27 e 28 de abril de 2024, sábado e domingo, de 12h às 18h
Local: Unibes Cultural - Rua Oscar Freire, 2500, ao lado do metrô Sumaré

sábado, 20 de abril de 2024

Coleção de Fotografias Brasileiras da Bibliothèque nationale de France

abril 20, 2024 | por Resumo Fotográfico


Fotografia de Mario Cravo Neto

A coleção de fotografias brasileiras da Bibliothèque nationale de France (BnF) conta em seus arquivos com um vasto conjunto de autores (Boris Kossoy, Sebastião Salgado, Miguel Rio Branco, Nair Benedicto, Regina Vater, Cassio Vasconcellos...) e enriqueceu de forma substancial nos últimos cinco anos. Contribuições feitas por Cristianne Rodrigues, Joaquim Paiva, Gláucia Nogueira e Ioana de Mello por meio de doações espontâneas vieram a culminar com o mecenato oferecido por Denise Zanet, franco-brasileira, sócia das empresas Metropole e Initial Labo.

Initial Labo é uma empresa constituída por um laboratório, uma livraria e um espaço expositivo dedicados à fotografia, localizado em Boulogne-Billancourt. Possui um histórico formado por meio de parcerias com numerosos festivais fotográficos, como Visa pour l’image, Fondation des Treilles, Rencontres Photographiques d’Arles, Planches Contact de Deauville, Festival Photo La Gacilly, Fondation Carmignac, PhotoDays, La Nuit de la Photo, PhotoClimat, entre outros.

O mecenato oferecido por Denise Zanet, há seis anos, permitiu, neste curto período, acrescentar às trezentas fotografias brasileiras já existentes no acervo da BnF, mais de 600 tiragens de cerca de cinquenta fotógrafos consagrados ou emergentes.

Fotografia de Rogério Reis

Fotógrafos que integram a coleção

Em 2023, Marly Porto assumiu a curadoria da coleção Un fonds photographique brésilien à la BnF, ao lado de Héloïse Conesa, responsável pela Coleção de Fotografia Contemporânea do Departamento de Gravura e Fotografia dessa instituição. Seu primeiro contato com esse importante acervo foi em 2020, quando apresentou à BnF a série de fotografias feitas pelo jornalista Valdir Zwetsch, no Parque Indígena do Xingu, há 50 anos. Esse encontro permitiu que houvesse uma colaboração mais intensa que resultou na incorporação do trabalho dos fotógrafos Bob Wolfenson, Cris Bierrenbach, Marcos Prado, Rogério Reis, entre outros.

A coleção Un fonds photographique brésilien à la BnF é formada por um conjunto significativo da história da fotografia brasileira a partir dos anos 1970 aos dias atuais. Trata-se, sem dúvida, de uma das maiores coleções públicas de fotografia brasileira fora do Brasil, não apenas pela quantidade, mas, principalmente, pela singularidade da seleção das imagens, cujos critérios envolvem abrangência geográfica e histórica, pertinência do ensaio, relevância estética do trabalho do artista, diversidade temática, entre outros. Fotógrafos renomados como Bob Wolfenson, Claudia Jaguaribe, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto (1947-2009), Rosângela Rennó, Rogério Reis e Vik Muniz, estão presentes ao lado de nomes emergentes como Roberta Sant’Anna, Angélica Dass, Rogério Vieira e Luiz Baltar.


Fotografia da série “Parque aquático”, de Roberta Sant’Anna

No acervo da coleção Un fonds photographique brésilien à la BnF encontramos fotografias de populações marginais representadas por imagens de povos originários (Valdir Zwetsch e Ana Mendes), de comunidades afro-descendentes (Júlio Bittencourt e Renata Felinto), de gênero (Rosa Gauditano, Élle de Bernardini e Gê Viana) e de populações que vivem na pobreza ou periferia das grandes cidades (Luiz Baltar e Alê Ruaro). E, imagens que promovem a reflexão crítica sobre questões sociais (Marcos Prado), políticas (Yan Boechat), e ambientais (José Diniz). As belezas naturais do Brasil podem ser vistas na produção autoral de Ricardo de Vicq, Claudio Edinger e Roberto Linsker. Ações ligadas aos campos da pesquisa de imagens, historicidade, vivências comunitárias, preservação de memória oral e visual estão presentes nas imagens de João Mendes e Afonso Pimenta (Retratistas do Morro). Releituras de obras como a do fotógrafo teuto-brasileiro Alberto Henschel, podem ser vistas no ensaio de Fernando Banzi, no qual ele nos traz novas cores, camadas e texturas ressignificando a questão histórica e estrutural relacionada à população negra brasileira. Processos fotográficos expandidos como os apresentados nos trabalhos de Cris Bierrenbach e Bianca da Costa, se juntam a coleção e demonstram a potência e a criatividade da fotografia brasileira contemporânea.
   

sábado, 13 de abril de 2024

O beijo da libertação

abril 13, 2024 | por Cid Costa Neto



Aos 21 anos, Tony Vaccaro era um soldado de Infantaria do Exército dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, conflito do qual participou entre 1944 e 1945, desde a batalha da Normandia até a chegada dos aliados a Berlim, passando por Luxemburgo e Bélgica. Como muitos outros jovens da época, Vaccaro decidiu se alistar voluntariamente. Ele mostrou seu portfólio e pediu para que deixassem documentar os movimentos da 83ª Divisão de Infantaria.

Em junho de 1944, Vaccaro chegou às costas da Praia de Omaha, com um fuzil M1 em uma mão e uma câmera Argus C3 na outra. A imagem mais emblemática da obra do veterano fotojornalista se resume a um beijo. Em meados de agosto, o sargento Gene Costanzo, da 83ª Divisão de Infantaria, dá um beijo no rosto direito da pequena Noëlle enquanto o povoado de Saint-Briac-sur-Mer (França) dança comemorando o final da opressão nazista. É O beijo da libertação.

Fonte: El País

quinta-feira, 4 de abril de 2024

“Vida Que Segue” de Maneco Magnesio

abril 04, 2024 | por Resumo Fotográfico

Em “Vida Que Segue” o fotógrafo Maneco Magnesio, manauense radicado em São Paulo, registra o cotidiano nas ruas do Brasil e do mundo após a pandemia de covid, entre 2020 e 22.
A COVID parou o mundo, a gente fala, sem pensar muito. Mas o mundo não parou. Para cada trabalhador que deixou o escritório e passou a fazer home office, centenas continuaram saindo às ruas para ganhar o sustento, para ajudar parentes, amigos e desconhecidos, para respirar, para não pirar. A vida seguiu. A vida segue.

Mesmo quando tudo parou, a vida continuou, o ser humano deixou o conforto do lar (ou seguiu sem um). Correndo risco de vida, sem entender completamente o que estava acontecendo. Quem, dessas pessoas que Maneco viu passar, ainda está sobre a Terra? Quais sobreviveram à pandemia, quais vivem somente em fotografias e memórias? É vida que segue. Segue na ausência, segue na presença.

Nesta coleção de fotografias de rua, Maneco documenta humanos em meio a um evento global. Um planeta unido pelo medo e pela confusão. Em cada máscara e em cada conversa distante, e no cansaço de cada olhar. Seja em São Paulo ou Salvador, ele joga sua luz única sobre um dia-a-dia que toma ares surreais, pautado por protocolos de segurança, e torna lírica a realidade de quem saiu às ruas durante esse momento que persiste. É vida que segue.





















Sobre o fotógrafo

Maneco Magnesio Guimarães, nascido em Manaus em 1974, reside e trabalha em São Paulo (SP) desde 2003. É fotógrafo, curador e professor. Arte-educador de formação (UFBA), desenvolve trabalho autoral em fotografia de rua e urbana desde 2018. Atua coordenando oficinas de fotografia, mentoria para fotógrafos iniciantes e cursos livres de fotografia. Seus projetos fotográficos buscam a poética das ruas e seus personagens como foco principal. Pratica diariamente a Fotografia de Rua. Já fotografou as ruas de São Paulo (SP), Salvador (BA), Manaus (AM), Belo Horizonte (MG), Dublin, (Irlanda), Lisboa (Portugal), entre outras.

Participou de mostras individuais em São Paulo. Entre 2022 e 2023 fez quatro montagens de sua mostra individual “Vida Que Segue” em três cidades no estado de São Paulo. Foi pré-selecionado no festival Paraty em Foco nos anos de 2019, 2020 e 2023. Recebeu Medalha e Bronze e Menções Honrosas no Paris Street Photography Awards - PISPA nos anos de 2019, 2020, 2022 e 2023.

Para conhecer mais sobre seu trabalho, acesse: www.fotos.magnesio.com.br

terça-feira, 2 de abril de 2024

“Marginados” de Mateus Morbeck

abril 02, 2024 | por Resumo Fotográfico

Em “Marginados”, o artista baiano Mateus Morbeck utiliza o recurso da inteligência artificial para produzir imagens que simulam os retratos de pessoas que foram exiladas durante o período de regime militar no Brasil.
Mergulhados em territórios de perdas e saudades, os brasileiros dissidentes sempre estiveram sob a mira e vigilância da ditadura.

As descrições físicas de banidos e exilados, contidas em documentos produzidos pelo Centro de Informações do Exterior – CIEX, agência de espionagem ultrassecreta formada por diplomatas e agentes infiltrados brasileiros entre 1966 e 1985, se tornaram “prompts” para criação de imagens daqueles que tiveram suas vidas fragmentadas e destinos entrecortados na busca por liberdade em meio ao horizonte de incertezas.

A inteligência artificial se encarrega de dar vida a retratos que transcendem a realidade objetiva e expandem a compreensão entrelaçando a memória e a ficção, o humano e o tecnológico.

Numa jornada de resgate e enfrentamento, os rostos imaginados desafiam o esquecimento para que as vozes silenciadas jamais sejam esquecidas em meio às sombras do passado.





















Sobre o artista

Artista e arquiteto brasileiro. Pós-graduado em Gestão e Prática de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural; Gestão Estratégica de Pessoas; e cursando especialização em Inteligência Artificial e Computacional.

Sua produção transita no universo das artes visuais, tendo a imagem como elemento principal, indo da fotografia à arte generativa com uso de algoritmos computacionais. Sua busca processual e metodológica se estrutura a partir das relações de percepção da imagem, através do uso de tecnologias, antigas e atuais, num processo contínuo de tensionamento da complexidade de camadas e significados.

É autor do livro “Maré de Agosto” e participou de inúmeros festivais, exposições e salões de artes, com trabalhos selecionados/premiados. Em 2022 realizou duas exposições individuais, “É Tudo Depois” em Salvador, Bahia e “Maré de Agosto” em Catânia, Itália.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Mateus Morbeck, acesse seu site ou Instagram.