A artista Natália Nunes produz em seu corpo de trabalho uma série de pesquisas com autorretratos envolvendo corpo, autoimagem e sexualidade. Por vezes atuando como fotógrafa e outras como modelo/performer desenvolvendo, em colaboração com outros artistas, trabalhos em vídeos-arte, séries fotográficas e performances.
Sanguínea (2019) - “Série que realizei em parceria com a performer Carol França em um hotel desativado na região central de Belo Horizonte, em frente à rodoviária. Essa série é um dos meus trabalhos preferidos: o vermelho vivíssimo contrastando com o ambiente desbotado e a movimentação do tecido, que Carol habilmente manipulava, me transmitem leveza, mas uma leveza vigorosa imbuída de força, energia. Ela também me é marcante por causa da locação, um edifício antigo, enorme e bem preservado, com uma luz linda, cujos corredores silenciosos e dezenas de quartos vazios tive o privilégio de percorrer.”
É preciso continuar a meter o coração pelos atalhos (2020) - “Fiz os autorretratos de 'é preciso continuar a meter o coração pelos atalhos', trecho de um poema de Rui Pires Cabral, em agosto de 2020, seis dias antes do meu aniversário. Eu estava em completo isolamento social deste o início da pandemia, em março. Escolhi especialmente esse pingente de coração, que eu nunca havia usado, para celebrar a vida. Ele simbolizava o meu próprio coração, pesado por causa das milhares de mortes e da falta de perspectiva de melhora da situação com relação ao COVID-19, e, ao mesmo tempo, grato por ter sobrevivido até ali. O resultado foram fotos com uma certa melancolia, que me marcaram.”
Contornos (2023) - Série que fiz com a performer Beatriz Nobel. Desde o início da minha trajetória na fotografia o nu artístico está muito presente, comecei com autorretratos, depois passei a posar despida para outros fotógrafos(as), até que pessoas passaram a me procurar para serem retratadas dessa forma por mim. Me interessa pesquisar as potencialidades de todos os tipos de corpos, e a interação com a Beatriz gerou imagens com muita suavidade, muita delicadeza, essa, em especial, capturou meu olhar pelas curvas espontâneas e pela luz. Gosto da ideia de que as pessoas tenham contato com o nu do meu trabalho através dessa foto.
Sobre a fotógrafa
Natural de Belo Horizonte, Natália Nunes é artista e psicóloga. Produz desde 2006 pesquisas com autorretratos envolvendo corpo, autoimagem e sexualidade da mulher. Também é fotógrafa de paisagens urbanas, retratos e espetáculos de dança e teatro. A partir de 2011, atua como modelo/performer desenvolvendo, em colaboração com outros artistas, trabalhos em vídeos-arte, séries fotográficas e performance pública. É formada em Psicologia pela UFMG (2016). Atualmente segue se dedicando principalmente à sua pesquisa com autorretratos e ao estudo de fotoperformance.
