
“A poesia de Murilo me foi sempre mestra, pela plasticidade e novidade da imagem. Sobretudo foi ela quem me ensinou a dar precedência à imagem sobre a mensagem, ao plástico sobre o discursivo”, palavras de João Cabral de Melo Neto. O Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, recebe a mostra “Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes”, do projeto Acesso Arte Contemporânea, e que conta com a participação de 57 artistas das cidades do Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Porto Alegre e Lisboa. Uma delas, é a fotógrafa Fernanda Chemale, que se destaca em importantes festivais no Brasil e no exterior, sendo uma referência acerca do protagonismo feminino na fotografia brasileira. Os artistas, que fizeram um mergulho na obra do poeta mineiro Murilo Mendes (1901-1975), selecionaram um poema/verso para expressar, por meio de uma construção poética pessoal, o pensamento muriliano na narrativa imagética. “Murilo Mendes inspira em sua poesia uma energia cotidiana. É capaz de ver no simples a beleza de uma realidade comum. Traz para a sua criação uma poética repleta de filosofia em busca do todo”, relata Chemale.
A curadoria da mostra é de Marilou Winograd, Gilda Santiago e Aline Toledo. Além da fotografia, a exposição é composta por pinturas, desenhos, gravuras, colagens, esculturas, objetos, vídeos e performances. A visitação poderá ser feita até 20 de junho de 2021, de terça-feira a domingo, das 12h às 19h. Lembrando que a visitação tem controle de acesso e segue os protocolos sanitários, como obrigatoriedade do uso de máscaras e álcool em gel.
Diário de Memórias, Fernanda ChemaleEvidenciando a relação entre a poesia e as artes visuais, os trabalhos se entrelaçam e tomam forma. Fernanda Chemale apresenta a série “Diário de Memórias”, uma homenagem às grandes artistas e musas Rochelle Costi e Zoravia Bettiol. De acordo com a fotógrafa, o trabalho reúne uma coleção de imagens cotidianas. “São imagens relacionadas à intimidade, as relações que estabeleço comigo e com o outro, tomando consciência de realidades físicas, emocionais e afetivas, dividindo com o espectador o saber da gênese da imagem”.



