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terça-feira, 18 de maio de 2021

Fernanda Chemale participa da mostra “Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes”

maio 18, 2021 | por Thais Andressa

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

“A poesia de Murilo me foi sempre mestra, pela plasticidade e novidade da imagem. Sobretudo foi ela quem me ensinou a dar precedência à imagem sobre a mensagem, ao plástico sobre o discursivo”, palavras de João Cabral de Melo Neto. O Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, recebe a mostra “Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes”, do projeto Acesso Arte Contemporânea, e que conta com a participação de 57 artistas das cidades do Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Porto Alegre e Lisboa. Uma delas, é a fotógrafa Fernanda Chemale, que se destaca em importantes festivais no Brasil e no exterior, sendo uma referência acerca do protagonismo feminino na fotografia brasileira. Os artistas, que fizeram um mergulho na obra do poeta mineiro Murilo Mendes (1901-1975), selecionaram um poema/verso para expressar, por meio de uma construção poética pessoal, o pensamento muriliano na narrativa imagética. “Murilo Mendes inspira em sua poesia uma energia cotidiana. É capaz de ver no simples a beleza de uma realidade comum. Traz para a sua criação uma poética repleta de filosofia em busca do todo”, relata Chemale.

A curadoria da mostra é de Marilou Winograd, Gilda Santiago e Aline Toledo. Além da fotografia, a exposição é composta por pinturas, desenhos, gravuras, colagens, esculturas, objetos, vídeos e performances. A visitação poderá ser feita até 20 de junho de 2021, de terça-feira a domingo, das 12h às 19h. Lembrando que a visitação tem controle de acesso e segue os protocolos sanitários, como obrigatoriedade do uso de máscaras e álcool em gel.

Diário de Memórias, Fernanda Chemale

Evidenciando a relação entre a poesia e as artes visuais, os trabalhos se entrelaçam e tomam forma. Fernanda Chemale apresenta a série “Diário de Memórias”, uma homenagem às grandes artistas e musas Rochelle Costi e Zoravia Bettiol. De acordo com a fotógrafa, o trabalho reúne uma coleção de imagens cotidianas. “São imagens relacionadas à intimidade, as relações que estabeleço comigo e com o outro, tomando consciência de realidades físicas, emocionais e afetivas, dividindo com o espectador o saber da gênese da imagem”.

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

Fernanda Chemale é fotógrafa independente e artista visual. Trabalha fotografia e memória desenvolvendo projetos na vertente autoral e documental. Graduada em Comunicação Social pela FAMECOS-PUC, é autora dos livros Tempo de Rock e Luz, ElefanteCidadeSerpente, Desordem. Faz exposições regularmente tendo mostrado suas fotos nas principais capitais do Brasil e no exterior. Participou de Festivais de Fotografia como FotoRio, Fotoseptiembre USA-SAFOTO, Estados Unidos, Fotograma no Uruguai, FestFotoPOA, Canela Foto Workshops, Foto em Pauta Tiradentes, Festival Paraty em Foco, Pequeno Encontro da Fotografia, Festival de Fotografia do Sertão, Solar FotoFestival, Transatlântica PhotoEspaña, Encontros da Imagem em Portugal e Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo. Vive e trabalha em Porto Alegre.

Segue abaixo, o poema de Murilo Mendes escolhido por Chemale e que acompanha sua série na exposição:

Pós-poema

O anteontem - não do tempo mas de mim - 
Sorri sem jeito 
E fica nos arredores do que vai acontecer

Como menino que pela primeira vez põe calça comprida.
Não se trata de ilusão, queixa ou lamento,
Trata-se de substituir o lado pelo centro. 
O que é da pedra também pode ser do ar

O que é da caveira pertence ao corpo: 
Não se trata de ser ou não ser, 
Trata-se de ser e não ser

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

Foto: Fernanda Chemale, Diário de Memórias

terça-feira, 11 de maio de 2021

A paisagem urbana de Ouro Preto nos registros de Mila Damasceno

maio 11, 2021 | por Thais Andressa

A histórica Ouro Preto (MG) é uma cidade repleta de encantos e cenário inspirador para a fotógrafa Mila Damasceno. A ouro-pretana iniciou na fotografia no ano de 2015, identificando-se com os ensaios de casal e retratos. “No mesmo ano, participei do evento “Fotógrafos em Ouro Preto”, no qual fui assistente em montagem de exposições, e tive contato com diversos fotógrafos, o que me encantou naquele momento, foi quando percebi que queria ir fundo no ramo”. Novas experiências foram ganhando espaço e a fotógrafa passou a documentar também as manifestações e festividades religiosas como Semana Santa e Congado, experimentando também a Fotografia de Rua, que faz parte de seu cotidiano e a qual expressa grande interesse e amor. “Caminhando e sempre com o exercício da observação, a rua me encanta, pois vejo a relação pessoa x lugar, isso em outros locais também. Mas Ouro Preto, com sua beleza única, nos proporciona belas cenas na rua, por exemplo, em que a sombra e forma se entrelaçam. Tenho o privilégio de retratar o cotidiano onde o sentido de ser e estar na cidade é grandioso, logo, é sempre válido ver as belezas em detalhes”. 




Mila conta que suas referências foram sendo construídas a partir de pessoas próximas que já estavam no ramo da fotografia e que compartilhavam seus conhecimentos. Com o aprofundamento nos estudos e o contato com cursos, outras inspirações foram surgindo como: Annie Leibovitz, Sebastião Salgado, Vivian Maier e Henri Cartier Bresson. Mila também destaca a importância da conquista de espaço das mulheres no âmbito fotográfico. “Ser mulher na fotografia é um grande passo, onde cada vez mais mostra que pode atuar em diversas áreas e que todas podem e fazem belos registros. Acredito que o olhar feminino é diferente e mais detalhado para algumas coisas. É sempre bom ir em busca de mais espaço e apoio, para que seja amplo o reconhecimento para todas que estão, e que querem trilhar no ramo”.  Acompanhe o trabalho da fotógrafa no Instagram









segunda-feira, 10 de maio de 2021

O adeus a German Lorca

maio 10, 2021 | por Thais Andressa

“Homem guarda-chuva”, de German Lorca 

“A fotografia sempre foi a paixão de minha vida”. No último sábado, 8 de maio, German Lorca faleceu, aos 98 anos, com mais de 70 anos de carreira, deixando um grande legado nas páginas da história da fotografia brasileira e mundial. No ano de 1938, o paulistano se tornou um dos integrantes do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB), uma associação responsável por desenvolver tendências e atividades no âmbito fotográfico, trazendo luz aos trabalhos de fotógrafos como José Yalenti, Thomaz Farkas e Geraldo de Barros. Lorca registrou a vida urbana de uma São Paulo em desenvolvimento, e entre tantas experiências marcantes, também foi fotógrafo oficial das comemorações do IV Centenário da capital. Com uma carreira extensa, marcada por importantes trabalhos e premiações, trazemos alguns pontos importantes, e acima de tudo, uma homenagem a esse nome consagrado na fotografia.

Seu início na fotografia se deu por meio dos registros de família, em 1938, documentando a vida cotidiana com sua Kodak Bullet 127, e assim, desenvolvendo seu olhar sobre a criação artística. A primeira vez que exibiu suas fotografias foi no 7° Salão Internacional de Arte Fotográfica realizado na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Em 1952, inaugurou o G. Lorca Foto Studio no mesmo espaço em que estava localizado seu escritório de contabilidade. Desde 2016, suas obras compõem o acervo do MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova York.

German Lorca | Galeria Zilda Fraletti

No ano de 2018, o Itaú Cultural foi palco da exposição “German Lorca: Mosaico do Tempo,70 anos de Fotografia”, com curadoria de Rubens Fernandes Junior, e assistência de José Henrique Lorca. A mostra de retrospectiva englobou as diferentes produções da carreira do fotógrafo, dos registros artísticos aos publicitários, além de ressaltar momentos marcantes de sua trajetória, bem como apresentar elementos que tiveram papel importante em sua caminhada: porta-retratos familiares, certificados de premiação e homenagens. Em palavras do curador Rubens Fernandes Junior, em texto de apresentação da exposição: “Suas obras expressam de modo exemplar toda a experiência do período modernista e chegaram aos dias de hoje com o mesmo frescor que o aproxima de algumas manifestações e de alguns procedimentos da arte contemporânea”.

O nome de German Lorca será sempre uma referência e inspiração, pelo seu brilhantismo e paixão pela fotografia. 

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Exposições fotográficas e diálogos no projeto FotoKura

maio 03, 2021 | por Thais Andressa


Foto: Tetê Silva - Exposição: O Rio Delas

No Instagram encontramos projetos inspiradores que visam dar visibilidade e reconhecer o trabalho de fotógrafas(os), proporcionando espaços de trocas que são fundamentais. Uma das iniciativas é o FotoKura, idealizado em abril de 2020, pela jornalista Elaine Leme e pela professora e pesquisadora Fernanda Martins. O projeto nasceu em um período de quarentena, no qual museus e galerias se encontravam fechados. “O objetivo é o de ser um espaço, no meio digital, para promover trocas de experiências e olhares, através da fotografia, mobilizando sentimentos em todos os cantos do país. Idealizado por mulheres, buscamos a partir da curadoria fotográfica promover encontros e reflexões através de exposições de trabalhos sensíveis e críticos, debatendo o seu papel transformador na sociedade”, conta Fernanda, uma das curadoras. Até o momento foram expostos três projetos, são eles: “O Rio Delas” (2020); “Cliques da Quarentena” (2020); e “O Corpo que Fala” (2021).

Foto: Lucas Landau - Exposição: Cliques da Quarentena

As exposições fotográficas são realizadas na página do projeto no Instagram, mas o desejo das organizadoras é expandir, a partir do segundo semestre de 2021, para outros meios virtuais, bem como, possibilitar mostras em espaços físicos. A seleção dos fotógrafos(as) participantes, em grande parte dos projetos, é iniciada a partir da escolha da temática da exposição. “A partir dessa escolha, nos voltamos para as redes sociais em busca de profissionais que tenham trabalhos relacionados às temáticas, com técnicas fotográficas e diversidade no pensar e fazer fotografia. Porém, nossa última exposição, “O corpo que fala”, foi concebida após uma das nossas idealizadoras, a Fernanda Martins, ter vivenciado um processo fotográfico junto à fotógrafa Amanda Nakao. A partir desse momento, iniciou-se o projeto curatorial da exposição”. Segundo as organizadoras, a temática é sempre livre, envolvendo temas que representem a realidade vivenciada no momento, com a proposta de repensar a fotografia para além do clique, incentivando a troca e construindo pontes e diálogos entre fotógrafos(as) e o público.

Foto: Amanda Nakao - Exposição: O corpo que fala

Bate-papo

Nesta quarta-feira (5), às 19h, o Fotokura realizará a live “O corpo que fala”, que terá como convidada a fotógrafa Amanda Nakao, que entrevistada por Fernanda Martins, uma das idealizadoras do projeto. O debate será pautado na fotografia, identidade e autoestima da mulher negra. Amanda Nakao contará sobre o seu projeto fotográfico, iniciado no ano de 2020, no qual buscou capturar imagens de mulheres negras brasileiras, de forma online, visando o autocuidado, afeto e conexão. Acompanhe o Instagram e fique por dentro das ações do projeto.

Foto: Amanda Nakao - Exposição: O corpo que fala

Foto: Genilson Guajajara - Exposição: Cliques da Quarentena

Foto: Danielle Rodrigues - Exposição: O Rio Delas

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Retratos do Vale do Jequitinhonha pelas lentes de Lori Figueiró

abril 30, 2021 | por Thais Andressa


          Maria Floriza Veríssimo - Brandão, Ausente / Serro, 2015 - Por: Lori Figueiró

Foi em uma exposição no Centro Cultural da UFSJ, no ano de 2019, que conheci o trabalho do fotógrafo mineiro Lori Figueiró. A mostra “Sementes da Terra Maturada”, que tinha como protagonista a ceramista Lira Marques, ocupou a Galeria Principal do Solar da Baronesa. Lira é um símbolo do Vale do Jequitinhonha, e em palavras de Lori: “Lira emprega vida ao pó e colore seu destino na esperança de mudar o rumo dos demais”. Como uma fotógrafa apaixonada, troquei algumas palavras com Lori e recebi um de seus livros “Afloramentos”, que guardo com imenso apreço. Desde então, passei a acompanhar os retratos da comunidade do Vale do Jequitinhonha, realizados pelo fotógrafo, que expressam a arte, o afeto e a esperança; as tradições estampadas e a fé tão viva; a poesia fotográfica de Lori. Sua missão consiste em acolher, registrar e eternizar histórias. De acordo com o fotógrafo, a maior riqueza do Vale do Jequitinhonha é o seu povo, e sua força motriz são as mulheres.


       Nilsa Vieira Jardim - Araçuaí, 2016 - Por: Lori Figueiró

Em uma conversa com o artista, ele me conta que sempre gostou de observar e refletir sobre os saberes e fazeres dos Mestres e Mestras da Cultura Popular. Lori fala da importância da fotografia no sentido de preservação da memória. “Numa região em que a grande maioria das pessoas não têm uma fotografia dos seus antepassados, procuro captar imagens em que os fotografados possam se reconhecer nelas, e que os seus saberes e fazeres sejam passíveis de contemplações, possibilitando, quem sabe, a preservação e perpetuação de seus costumes e histórias”. O trabalho do fotógrafo sensibiliza e para ele a fotografia, como toda arte, proporciona conforto e alento. “Fotografia é sensibilidade, intuição. O fotógrafo precisa saber estar presente na vida das pessoas e também saber quando se ausentar, e principalmente, ter a compreensão de que é preciso estabelecer cumplicidades.


Rita Luiz Martins - Chapada do Norte, 2019 - Por: Lori Figueiró


Sobre o fotógrafo

Lori Figueiró é fotógrafo, natural de Diamantina (MG) e membro fundador do Centro de Cultura Memorial do Vale. Dentre os trabalhos realizados estão as mostras fotográficas: "Dona Helena e seus saberes", "Vale: vida", "D. Zefa, A Sacralização do cotidiano", "Faces do Serro", "Memórias da Cultura Jequitinhonha", "Sementes da terra maturada", "Acender do barro" e a mostra virtual “Semeaduras”. Em 2014, publicou o livro "Reflexos ao calor do Vale"; em 2016, os livros "Cotidianos no Sagrado do Vale" e "O espelho as lembranças: memórias do Vale". "Sementes da terra maturada" em 2017, "Acender do barro", "Salve Maria! Os tambores do Rosário" e "Afloramentos", em 2018. "Das muitas formas de dizer o tempo" com poesias de Adri Aleixo, "Louvores, louvores! Os tambores do Rosário" e "Mulheres do Vale Substantivo feminino", em 2019. Em 2020, "Sacralização do cotidiano" e "À luz do algodão".


José Luiz Teodoro Souza - Chapada do Norte, 2016 - Por: Lori Figueiró

José Acácio de Souza e Julio Pereira da Silva - Berilo, 2016 - Por: Lori Figueiró

Marlene Aparecida Ribeiro e Rosemar Paulo de Araújo - São Gonçalo do Rio das Pedras, 2015 - Por: Lori Figueiró

Nuno Alves Jardim - Coronel Murta, Serro, 2012 - Por: Lori Figueiró

Congado de N. S. do Rosário dos Quilombolas de Berilo, 2020 - Por: Lori Figueiró

Ravi Gomes,  Luana Ferreira e Gabriel Ferreira - Capivari / Serro, 2020 - Por: Lori Figueiró


quinta-feira, 29 de abril de 2021

Convocatória para Exposição Coletiva de Fotografias do Centro-Oeste

abril 29, 2021 | por Thais Andressa

Com temática livre e contando com categorias específicas para jovens artistas e fotógrafos com deficiência, seguem abertas até 10 de maio, as inscrições para a 7ª Exposição Coletiva de Fotografias do Centro-Oeste. A ação faz parte da programação oficial da 9ª edição do Festival Mês da Fotografia, e está prevista para ser realizada em agosto de 2021. De acordo com a organização do evento, visando atender aos princípios de difusão e valorização da produção fotográfica na região Centro-Oeste, a Mostra Coletiva é aberta para fotógrafas e fotógrafos, profissionais ou amadores, residentes nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Mesmo com a proposta de temática livre, os fotógrafos podem optar por inscrever trabalhos que tenham relação com o tema geral do Festival Mês da Fotografia, que é “Fotografia e a Semana de Arte Moderna”. Por conta da pandemia, e respeitando todas as recomendações de prevenção da Covid-19, o evento será realizado em formato híbrido, ou seja, online e presencial. Para incluir novos públicos e potencializar o movimento fotográfico da região, a Convocatória deste ano traz quatro categorias de participação: Ensaio, Individual, Jovens fotógrafos e Fotografia inclusiva. A inscrição na Convocatória é gratuita e aberta a todas as formas de estética e linguagem fotográfica. O regulamento e demais informações podem ser acessadas no site. Aproveite também para acompanhar o Festival no Instagram e Facebook.

sábado, 24 de abril de 2021

Grupo de Pesquisa em Poéticas Fotográficas

abril 24, 2021 | por Thais Andressa

Foto: Mariana Paes

Vinculado à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o grupo de pesquisas em Poéticas Fotográficas, criado em 2014 pela professora Ana Carolina Lima Santos, se dedica a investigações acerca da fotografia, entendendo-a como parte de processos e experiências comunicacionais. De acordo com a organização, o grupo promove estudos sobre a produção de sentidos possíveis às imagens fotográficas, privilegiando uma perspectiva relacional, da criação à fruição. Para isso, explora diferentes modulações técnicas, estéticas e políticas da fotografia. A fotografia vernacular, o fotojornalismo, o fotodocumentário e a fotografia artística são alguns objetos que interessam às pesquisas empreendidas pelo grupo. Há reuniões mensais para a leitura e discussão dos textos propostos. Já foram debatidos autores como André Rouillé, Eduardo Cadava, Georges Didi-Huberman, Roland Barthes e Susan Sontag. A produção de pesquisadores brasileiros também tem destaque: Bejamim Picado, Boris Kossoy e Eder Chiodetto. O grupo também conta com artistas/pesquisadores que não são vinculados à UFOP, e está aberto a interessados que queiram desenvolver suas pesquisas e processos criativos. O próximo encontro está agendado para junho e o contato pode ser feito a partir do Instagram e Facebook do projeto.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

A poética fotográfica no trabalho de Reinaldo Ziviani

abril 16, 2021 | por Thais Andressa

Entre o poético e o documental, o trabalho fotográfico de Reinaldo Ziviani tece narrativas urbanas no cenário são-joanense. Há muito tempo, a fotografia o acompanha e exerce um papel significativo em sua vida. De acordo com o fotógrafo artista, a poética envolvida na relação e no olhar das dinâmicas humanas nos meios urbanos é o que mais frequentemente o inspira. “Assim como imagino acontecer com quase todos, fotografar inicialmente era registrar aquilo que parece belo e incomum. Atualmente, várias abordagens e gêneros despertam-me o interesse dentre os caminhos da linguagem fotográfica, como o abstracionismo, o surrealismo, a apropriação e deslocamento, mas sem dúvida a fotografia de rua sempre se mantém como via principal de elaboração”, enfatiza.



A construção poética na imagem

A produção imagética do fotógrafo assemelha-se ao exercício de um flâneur. Para ele, observar as ruas, deambular por elas à maneira dos surrealistas, se deparando com o imprevisto que se invisibiliza aos outros olhares, é uma forma de construir poéticas e realidades. “É trabalhar intuitivamente com símbolos e sugerir de forma aberta aos que posteriormente vão observar a captura e instaurar e restaurar sentidos adormecidos na imagem. De certa forma, me sinto como Marco Polo a desenhar liricamente em suas palavras, As Cidades Invisíveis a Kublai Khan”.



O diálogo entre texto e fotografia

Em seu Instagram, Reinaldo divulga seus registros urbanos e cotidianos, estabelecendo um diálogo com textos e poemas. “Embora acredite que a imagem fotográfica se basta em si, por vezes gosto de promover encontros entre a palavra e a imagem, o diálogo entre a poesia escrita e a fotografia e isso fica perceptível em algumas publicações em minha página no Instagram”. A experiência teve início por ocasião de uma exposição em 2017, no Centro Cultural UFSJ, elaborada em conjunto com o poeta Thales Moura. Denominada Hipertexto, e materializada em uma instalação com fotos e poemas em transparências – tendo como tema a vida urbana – a obra propunha que o expectador se embrenhasse por ela e identificasse subjetivamente as conversas possíveis entre as peças. “Mas, mais do que traduzir ou interpretar ou ilustrar o que se evidencia é que a fotografia nos possibilita uma experiência que é também meditativa e, por assim dizer, espiritual. Percebo isso também em alguns daqueles que me influenciaram. Cito Cartier-Bresson e seu “instante decisivo”; Elliott Erwitt e sua prática do ócio contemplativo e bem humorado e Raghu Rai e sua conexão espiritual com o mundo ao redor e consigo através da fotografia. O conhecimento a respeito dos relatos desses grandes da fotografia, reafirma o que sinto ao fotografar e em especial nas ruas. A mágica de estar no momento certo, mas que só existe porque me instauro”, conclui.






segunda-feira, 29 de março de 2021

Prêmio Brasileiro da Fotografia Documental de Família

março 29, 2021 | por Thais Andressa



Em sua primeira edição, o prêmio é destinado exclusivamente à Fotografia Documental de Família e foi criado com o intuito de estimular a produção brasileira dentro deste gênero. De acordo com a organização da iniciativa, no Prêmio Docf, o conceito de família é diverso, fluido e será demonstrado livremente pela lente de cada fotógrafo. As inscrições estão abertas a participantes de todas as regiões do país, com registros feitos a partir de câmera digital, analógica ou celular.

A edição de 2021 é composta por três categorias de foto individual, divididas em "Parto", "Cotidiano" e "Longevidade", e uma categoria de série fotográfica. As inscrições podem ser realizadas até o dia 20 de abril de 2021, através do site do concurso. Para conferir mais informações sobre a taxa de inscrição, premiação, regras de envio e esclarecer outras dúvidas, acesse o regulamento. Acompanhe também as novidades no Instagram.

sábado, 20 de março de 2021

Inscrições abertas para o Mobile Photo Festival 2021

março 20, 2021 | por Thais Andressa



Estão abertas até 30 de março as inscrições para a 8ª edição do Mobile Photo Festival 2021 - evento latino-americano de mobgrafia. De acordo com a organização, a iniciativa visa ser democrática, inclusiva e aberta a todos que fotografam com smartphones ou tablets. Nesta edição, o festival traz a novidade da categoria Vídeo, objetivando uma reflexão sobre os conceitos básicos de edição, nas subcategorias: vídeos educativos, divertidos e melhor edição. As inscrições devem ser realizadas diretamente através de postagem no Instagram, para fotografia, e no TikToK, para vídeo. Lembrando que é fundamental o uso das hashtags correspondentes à categoria. O resultado da seleção será divulgado no site e no Instagram, após 15 de abril. As fotos e vídeos selecionados estarão em exposição no Museu da Imagem e do Som de São Paulo.

Categorias

Podem ser inscritas fotografias nos seguintes segmentos: Arte (#mpfarte2021), Documental (#mpfdoc2021), Paisagem (#mpfpaisagem2021), PB (#mpfpb2021), Retrato (#mpfretrato2021), Street (#mpfstreet2021). E além da hashtag específica da categoria, também é obrigatório o uso da #mobgraphia. Para serem validadas, as contas no instagram não devem ser privadas, e os participantes podem enviar até três imagens por categoria. É importante frisar que, de acordo com o regulamento, as imagens devem estar sem marca d'água ou assinaturas. As fotografias não precisam ser inéditas, porém, não podem ter sido finalistas ou selecionadas em outros Prêmios ou Festivais. Já na categoria vídeos, a produção deve ter até um minuto de duração e o participante deverá ter uma conta aberta no TiKTok. Para a inscrição será necessário a postagem do vídeo com a #mobgraphia, juntamente com a hashtag da categoria escolhida, em tema livre, desde que esteja dentro de uma das subcategorias: vídeos educativos, divertidos e melhor edição. Para a seleção dos finalistas e vencedores, a mObgraphia designará uma Comissão de Seleção, composta por jurados convidados pelo Festival. Confira o regulamento completo no site.

sexta-feira, 12 de março de 2021

Efêmero Festival de Fotografia divulga programação

março 12, 2021 | por Thais Andressa

Foto: Felipe Camilo e Àlvaro Graça Jr. 

Com foco nos processos fotográficos experimentais contemporâneos e históricos, acontece entre os dias 25 e 30 de abril, a primeira edição do Efêmero, um festival nacional com base em Fortaleza/CE. O evento gratuito e que acontecerá de forma remota visa abraçar o desenvolvimento profissional e artístico, assim como o intercâmbio de experiências e a conservação de saberes históricos e de ponta no campo fotográfico. O festival irá movimentar uma rica programação, que envolve vivências de processos artesanais - da fotografia à impressão - realizando exposições, intervenções urbanas, ciclo de diálogos, residência artística, feira de fotografias, publicações independentes, entre outros. De acordo com Igor Cavalcante, coordenador geral, proporcionar encontros em um momento tão difícil de isolamento, mesmo que sejam online, são alentos em tais dias. “Além disso, o festival propõe a troca de experiências num campo que é vasto e se aproxima de outras linguagens artísticas, com oficinas, conversas entre autores, além de palestras com nomes inspiradores da fotografia experimental brasileira.”

Igor indica quatro destaques da primeira edição. “A primeira é o formato online, que mesmo sendo uma imposição sanitária, tomamos como um benefício, pois propicia a participação de pessoas de vários lugares e de forma segura. Tem também a feira de publicações independentes, que acontecerá através do nosso site e terá entregas para todo o Brasil. E por fim, as convocatórias Mnemomáquina e Lambe-lume, que resultarão em duas exposições, sendo uma delas com a curadoria de Eustáquio Neves, e numa residência artística compartilhada entre um artista de cada convocatória”, ressalta. A temática para ambas as convocatórias será livre, considerando como sugestão o vasto universo da experimentação e memória da fotografia em que se insere o Efêmero Festival. Para saber mais sobre programação, convocatórias, convidados e premiações, siga a página do festival no Instagram e no Facebook. O projeto é uma realização do IFOTO, apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura do Ceará, através do Fundo Estadual da Cultura, com recursos provenientes da Lei Federal nº 14.017/2020.

A Fotografia e o Efêmero

Em conversa com Igor, questionei sobre o Efêmero na escolha do título do Festival. De acordo com o coordenador, Efêmero resgata a ideia de que a matéria prima da fotografia, além da luz, é o tempo. “Esse termo parte da própria natureza do festival e do zeitgeist da fotografia experimental, que vive dos paradoxos relacionados à duração: tem os processos fotográficos históricos que, se por um lado dizem estar se perdendo, por outro têm sido cada vez mais acessível seu conhecimento através da internet; tem a fragilidade dos materiais fotográficos, sejam físicos, sejam digitais; tem o volume crescente de imagens criadas a partir de dispositivos móveis, que em sua maioria são esvaziados de intenção; e tem a noção de que a câmera é uma máquina de imortalizar memórias, que com o tempo vão se diluindo em nossa mente. Algumas fotografias duram mais que as memórias, algumas memórias duram mais que as fotografias. Já o Efêmero, esse breve momento de encontro, como uma fotografia instantânea, tem a potência de se tornar longevo”, afirma Igor.

terça-feira, 9 de março de 2021

O diálogo entre fotografia e literatura no trabalho de Eduardo Maciel

março 09, 2021 | por Thais Andressa

Muitos fotógrafos constroem um trabalho que estabelece um diálogo entre a imagem e a literatura. Maureen Bisilliat em seus projetos fez a ponte entre suas fotografias e as obras poéticas de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, além de outros autores. No percurso em busca do contato com fotógrafos e suas produções, encontrei o trabalho de Eduardo Maciel, que atua em diversas áreas artísticas, inclusive na fotografia. Em seu livro SonetIMAGEM, Eduardo articula fotos e poemas autorais na construção de uma narrativa sobre o cotidiano. “Na minha visão, toda arte é fluída, invadindo os espaços vazios no interior das pessoas. E a fluidez permite que linguagens diferentes da arte possam conviver em conjunto. Meu projeto com os sonetos promove, para além da simples leitura, uma experiência metalinguística. No caso da união 'soneto x fotografia', foi mais fácil para mim, pois além de escritor, também sou fotógrafo. Então, por vezes o processo de construção da série partiu de um soneto pronto e a busca por uma foto correlacionável em meu acervo, e em outras vezes, escolhi a fotografia e escrevi o soneto inspirado nela”, declara. Eduardo traz como principais referências no campo da literatura Shakespeare e Camões, e na fotografia, é apreciador do trabalho de Sebastião Salgado. Para conhecer mais sobre o trabalho e adquirir a obra acesse o site.



Jogo da Vida 
Acho uma das coisas mais preciosas da vida
A reciprocidade em toda a lida
Em cada aspecto, cada frequência
Não haveria de se cogitar diferença
Todos somos seres únicos
E isso compreendemos facilmente 
Mas unidos somos um apenas
O que independe de estudos acadêmicos 
A vida e suas experiências terrenas 
Podem nos distanciar os pensamentos 
Mas se na alma nos temos tatuados 
Nada poederia nos fazer separados
Porque afinidade é como um jogo
Onde sempre terminaremos a partida empatados.  




Sobre o artista

Eduardo Maciel é gestor cultural e um artista plural. Teve um projeto de lançamento de sete livros que promoveram o resgate cultural das 20 diversas formas de soneto já catalogadas. É autor dos livros “SonetATO”, “SonetIMAGEM” e “SonetILUSTRA” - obra que foi vencedora do Prêmio Troféu Literatura 2020 como melhor livro de poesia do Brasil e também do Prêmio FeLiNa (Festival do Livro Nacional)- como melhor livro do ano de 2020. Idealizou a exposição de fotografias “EXPO SonetIMAGEM” e a exposição virtual de artes visuais “SonetILUSTRA - Transmutação”.

Acompanhe o trabalho de Eduardo no Instagram

terça-feira, 2 de março de 2021

As Poéticas do Banal de Thiago Rodeghiero

março 02, 2021 | por Thais Andressa


Um olhar poético, sensível e ao mesmo tempo, crítico sobre o cotidiano, é o que propõe o trabalho do artista Thiago Rodeghiero. A série fotográfica intitulada “Poéticas do Banal” está em exposição no site da Editora Nômade. Para o artista, banal é o que não quer ser visto, mas o que provoca incômodos. “Todas as vezes que passamos por determinadas situações muito complicadas, e que as ignoramos, é a banalidade funcionando para nos fazer ignorá-las. A poética do banal vem na contramão, fazendo ver e fazendo sentir as pulsões das marcas humanas no mundo; nossa pegada nada amigável com relação ao ambiente em que vivemos”. Para o artista, a fotografia é o meio pelo qual a vida pede passagem. “Acredito que fazer arte, produzir imagens e fotografar, é dar vazão às expressões dos pequenos gestos criadores de sensações. A partir de experimentações visuais, a fotografia é, de certa forma, uma poesia visual que rompe com a linguagem representacional”, declara.

Referências

Já com o interesse no aprofundamento em pesquisas na área de poéticas visuais, Thiago conta que em 2016 fez dois cursos: “Mapas Poéticos”, com Renata Requião; e “Paisagens cotidianas e dispositivos de compartilhamentos”, com Duda Gonçalves. “Neles pude abrir o meu pequeno território e mapear meu processo artístico. Foi um ponto de virada, uma guinada dessas que a vida dá. Desde então, comecei a me dedicar à imagem e ao processo de artista. O banal surge como uma necessidade de abandonar as velhas convenções das ditas 'boas imagens', e começo a investir no que há de qualidade sensível, ao invés de uma extraordinária qualidade imagética”.

Para Rodeghiero, não há inspiração, e sim intuição. “Estamos imersos num caos de signos que nos rodeiam. Captá-los e fazê-los vibrar em ressonância é o trabalho do artista. Não creio que as coisas venham do nada ou que tenhamos talento, mas sim, acredito que há processos e procedimentos que levam a determinadas escolhas e criações”, declara. Para ele, o banal surge no envolvimento com o trabalho dos artistas Allan Kaprow, Robert Smithson e Karina Dias e nos textos de Georges Perec, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Giorgio Agamben e Franz Kafka.

Sobre o artista

Thiago Heinemann Rodeghiero é artista visual, videomaker e designer. Tem graduação em Artes Visuais e mestrado em Educação, desenvolvendo sua pesquisa nas fronteiras híbridas da arte, educação, cinema e filosofia. Desde 2010, compõe o colegiado de cinema da Universidade Federal de Pelotas como técnico em edição de imagens.